Título de eleitor digital ainda tem baixa adesão dos brasileiros

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A política ferve nas redes sociais, mas o brasileiro quase
não baixa o título de eleitor digital. Segundo o Tribunal Regional
Eleitoral do Distrito Federal (TRE/DF), as urnas de outubro aguardam
147.302.354 eleitores em todo o Brasil. Até junho, apenas 6 milhões
instalaram o e-título. É uma adesão nanica de 4% da população.


Além do descompasso entre a inovação e o povo, os números sinalizam
para o apego cultural do eleitorado ao papel. E reacendem o debate sobre
o voto impresso.


Brasília é um espelho do Brasil. Pelas contas do TRE, ao final de
maio, 7% do eleitorado tinha o aplicativo na tela do telefone. Em
números absolutos, entre os 2.084.357 brasilienses em condições de
votar, a ferramenta digital estava nas mãos de apenas 148 mil eleitores.
O E-título foi lançado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em
dezembro de 2017, pelo seu então presidente Gilmar Mendes.


Segundo o cientista político da Universidade de Brasília (UnB)
Antônio Flávio Testa, no Brasil a incorporação de novas tecnologias é um
desafio, seja pelas fragilidades na formação educacional, cultural e
política da população, seja pela sombra da burocracia. Na avaliação do
especialista, os números também revelam a ligação de confiança do
brasileiro com o papel.


Desconfiança

Neste contexto, volta ao palco a discussão sobre o voto impresso. “Há
uma clara desconfiança sobre a urna eletrônica. O Brasil é um dos
poucos países, senão o único, que não usa mais papel. Tivemos muitos
questionamentos na eleição passada. A urna é indelével. Mas o processo
de tabulação não tem a mesma garantia e poderia ser fraudado” comenta o
cientista político.


O STF barrou o voto em papel nestas eleições. O principal argumento
contra ele seria o custo, orçado em R$ 50 milhões. Para Testa, a decisão
foi equivocada. O voto impresso, em paralelo, por duas ou três
eleições, seria uma solução de credibilidade para o sistema eletrônico.


“Custo caro? A eleição é a relação mais sagrada da democracia. Este
dinheiro poderia vir do Fundo Eleitoral, que é de R$ 1,7 bilhão. Ou
mesmo do Fundo Partidário de R$ 5 bilhões”, sugeriu.


Deixando para última hora

Com a aproximação das eleições de outubro, o TRE espera um
crescimento vertiginoso da procura pelo título digital. Segundo
diagnóstico da instituição, a baixa adesão é momentânea, sendo fruto da
falta de interesse do eleitor. Para piorar, o desinteresse é alimentado
pelo “questionável” hábito do brasileiro de deixar para resolver
questões importantes na última hora.


Expectativa é de uma corrida virtual pela ferramenta aos “46 minutos
do segundo tempo”, bem no dia de votação. Sem a devida familiaridade com
a ferramenta, muitos eleitores poderão se confundir, justamente, na
hora do voto. Por isso, o TRE pretende intensificar a ampla divulgação
da ferramenta digital, inclusive nas redes sociais.


Nesta discussão, para o tribunal, a questão da cultural do papel não é
a principal razão para a procura tímida do aplicativo, pois o eleitor
não estaria focado no documento, mas, sim, nas condições de poder votar
sem dor de cabeça.


Sobre a discussão do voto impresso, o TRE continua a defender,
categoricamente, a segurança, transparência e agilidade do processo
eleitoral nacional. Neste sentido, a instituição também emprega
procedimentos de segurança no dia das eleições. A Auditoria de Votação,
também conhecida como Votação Paralela, é feita com a presença de juízes
eleitorais, fiscais dos partidos e outros órgãos de controle.


No DF, as auditorias sempre carimbaram a lisura do processo de
votação. A partir destes argumentos, do ponto de vista do tribunal, a
decisão do STF não afeta a confiança no sistema eleitoral.
De certa forma, o veredito gerou no TRE tranquilidade, pois a
“expertise” da instituição está totalmente amparada no modelo do voto
digital.


Saiba mais

O E-Título está disponível para Android e iOS. Após baixar, o eleitor
precisa preencher o formulário com o número do título eleitoral e a
filiação. Quem fez a biometria não precisa apresentar documento foto na
hora votação, podendo levar apenas o celular com o aplicativo. No DF,
segundo o TRE, 99,72% dos eleitores fizeram o cadastro biométrico.


Para Antônio Flávio Testa, uma vez que seja vencida a barreira da
credibilidade digital, o futuro da política é digital, tendo inclusive o
emprego de plebiscitos virtuais para tomada de decisão. Mas, antes, o
Brasil deveria investir na base: a população. Em primeiro lugar nas
escolas. Educando as futuras gerações desde cedo sobre a importância do
voto e o sistema político, sem defender ideologias. O segundo passo
seria uma mudança nos partidos, criando mecanismos de oxigenação de
ideias e formação de novas lideranças.

Campanha CLDF
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