A gaúcha Carla Dalvitt, da cidade de Lajeado, no interior do Rio Grande do Sul, virou assunto nas redes sociais após vencer um processo contra a Igreja Universal do Reino de Deus. Ela entrou na igreja em momento no qual passava por uma crise pessoal e financeira, há mais de dez anos, atraída pelos cultos na TV. Na época, possuía uma pequena loja que não estava trazendo receita suficiente para pagar dívidas, incluindo as parcelas pela compra de um automóvel que era utilizado para levar o filho à escola. Além disso, a gaúcha tinha que dividir a residência com os pais. Com tantos problemas, terminou depositando as suas esperanças no pastor. Mas tudo começou a piorar.
Segundo Carla, a igreja começou a cobrar dízimos. “Eles diziam que você tinha que dar 10% de tudo o que você ganhava, e que tudo o que você desse ia receber de volta. O problema é que tinha um evento especial, a Fogueira Santa, onde as pessoas iam e doavam casa, carro. Eu não sei o que me deu… eu estava desesperada”, contou ela em entrevista ao jornal BCC Brasil, justificando que pensou em desistir, mas, sob ameaças de ser amaldiçoada, vendeu carro por um valor abaixo do mercado e doou tudo à igreja. Além do veículo, Carla também doou colchão, fogão e outros itens de cozinha. Quando souberam do ocorrido, mãe e marido foram à igreja tentar recuperá-los. O templo, entretanto, só devolveu os itens que possuíam nota fiscal.
Arrependida, Carla tentou reaver o valor doado, mas a igreja se negou a devolvê-lo. Em 2012, o pastor responsável pelo recebimento da doação foi condenado a pagar uma indenização no valor de R$ 20 mil, além de devolver o valor de parte dos bens doados. Após recurso da igreja, o caso foi para o Superior Tribunal de Justiça, que negou o recurso. Reerguendo-se financeiramente, Carla atualmente trabalha como vendedora e ainda se diz crente em Deus, apesar de não seguir mais uma religião. “Quem abriu os meus olhos foi o meu marido. Ele me disse que Deus não ia colocar maldição em ninguém, que Deus não faz isso. E ele tem razão”, completa a gaúcha.