Estudo mostra piora de rodovias do país: 62% estão em mal estado

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Pesquisa da CNT (Confederação Nacional do Transportes) divulgada nesta terça-feira (7) aponta que 61,8% das rodovias do Brasil estão em mal estado — ela são consideradas como regulares, ruins ou péssimas.
O resultado é pior que no ano passado, quando 58,2% apresentaram algum tipo de problema no estado geral. A avaliação considera as condições de pavimentação, sinalização e geometria da via.
Os dados fazem parte da 21ª edição do levantamento anual realizado pela CNT. O levantamento foi realizado por 24 equipes, que durante 30 dias percorreram as 542 estradas federais e os principais trechos das vias estaduais, somando quase 106 mil km avaliados.
Em 2017, 38,2% dos trechos foram classificados como em bom ou ótimo estado, abaixo dos 41,8% verificados em 2016.
A piora mais acentuada foi verificada no critério sinalização, no qual a classificação como boa ou ótima caiu de 48,3% para 40,8%.
A qualidade do pavimento viu sua extensão classificada como regular, ruim ou péssima sair de 48,3% para 50%. Sobre a geometria, o índice de baixa qualidade repetiu os números do ano passado, com 77,9% em condições regular, ruim ou péssima.
“Vale destacar que, entre 2007 e 2017, o número de veículos que passam por essas rodovias praticamente dobrou, saltando de 46 milhões para 95 milhões de carros”, comentou o diretor executivo da CNT, Bruno Batista.
Segundo a CNT, apenas 12% da malha total de 1,735 milhão de quilômetros do País é pavimentada. “Dizem que o Brasil é rodoviarista, mas essa não é a verdade. A realidade é que o Brasil não tem infraestrutura”, disse o presidente da seção de transporte rodoviário de cargas da CNT, Flávio Benatti.


Para a CNT, a precariedade crescente das estradas reflete a queda nos investimentos federais e a crise econômica dos últimos anos. Em 2011, o governo injetou R$ 11,2 bilhões nas estradas, volume que caiu para R$ 8,61 bilhões em 2016. Neste ano, entre janeiro e junho, chega a apenas R$ 3,01 bilhões.
O Plano CNT de Transporte e Logística aponta que seriam necessários R$ 293,8 bilhões de investimentos na infraestrutura rodoviária para adequá-la à demanda nacional.
“Não há a menor dúvida de que só temos uma saída para as rodovias do País, que são as concessões rodoviárias”, diz Flávio Benatti.
“A má qualidade da rodovia onera o transporte do País em 27%, na média.”
O representante da CNT criticou, porém, as concessões realizadas pelo governo Dilma Rousseff em 2013, as quais passam por extremas dificuldades de se manterem em andamento.
— Desculpe pelas palavras, mas as concessões feitas três anos atrás foram um verdadeiro ‘me engana que eu gosto’, só pra mexer com tarifas e não com investimentos.
Para o governo, a situação das rodovias não estaria tão ruim assim. No mês passado, o Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), responsável pelas estradas públicas federais, divulgou um estudo para afirmar que quase 70% das rodovias federais administradas pelo governo estão em “bom estado” de manutenção. O levantamento foi realizado a partir dos 52 mil quilômetros de rodovias federais pavimentadas administradas pelo Dnit. O dado não inclui as rodovias federais que foram concedidas à iniciativa privada.
Meio Ambiente
A má qualidade das rodovias brasileiras é causa da emissão de 2 milhões de toneladas de gás carbônico (CO2) a mais na atmosfera todos os anos, segundo a pesquisa da CNT.
O órgão aponta que se todas as rodovias do País fossem classificadas como boas ou ótimas, haveria uma redução no consumo de 832 milhões de litros de diesel todos os anos. Além do custo ambiental, este consumo extra de combustível custa ao País R$ 2,5 bilhões.
O volume de CO2 lançado a mais na natureza devido à qualidade das estradas equivale ao consumo anual de aproximadamente 65 mil casas com quatro pessoas cada, incluíndo gastos com luz, gás, transporte e alimentação. Para compensar ambientalmente essa poluição extra, é necessário o plantio de cerca de 14 milhões de árvores.
* com informações da Estadão Conteúdo

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