Vencer a dependência de álcool e outras drogas não é fácil. Para ajudar a quem está nesta luta, a Secretaria de Saúde, por meio dos Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (Caps AD), oferece atendimento especializado nesse tipo de situação. Em Ceilândia, por exemplo, na unidade do tipo III, há cerca de mil pacientes com cadastro ativo.
A casa azul, como foi carinhosamente apelidada pelos usuários, abriu suas portas à população há dez anos. O centro recebe, diariamente, pacientes encaminhados pelas unidades básicas de saúde, por escolas e pelo judiciário, mas, principalmente, acolhe quem chega pedindo ajuda para se livrar do vício.
“A pessoa que estiver sentindo a necessidade de assistência médica ou psicológica com a intenção de deixar vícios como bebida alcoólica ou drogas pode ir diretamente ao Caps AD que receberá todo o acolhimento necessário”, incentiva a gerente Fabiana Pereira Passos.
Ao chegar ao Caps, o paciente é acolhido e responde a um questionário. Em seguida, é encaminhado à reunião de boas-vindas, onde conhece o funcionamento do centro. Depois, o cidadão é direcionado às terapias, conforme suas características e a afinidade com elas. “Nós buscamos conquistar a confiança do usuário, mostrando que este é um espaço de assistência, não de punição”, completa a gerente.
De acordo com o médico psiquiatra Ronaldo da Silva, cerca de 70% dos casos de dependência química ou alcoólica estão relacionados a problemas psiquiátricos. “A base disso, geralmente, são os transtornos psiquiátricos, que dão sinais ainda na infância, na adolescência. Há algumas bases genéticas que levam ao uso de certas substâncias”, explica.
Todos os pacientes recebem acompanhamento multidisciplinar, ofertado por médico clínico, psiquiatra e psicólogo para auxiliar no tratamento junto às equipes de enfermagem, serviço social e terapia ocupacional. Outro serviço oferecido neste centro é o de acolhimento integral, quando o paciente fica internado na enfermaria para desintoxicação ou outros cuidados de saúde.
TRATAMENTO – “Não me deixe desistir de você”. Esta súplica é da Marlene*, mãe de Pedro* (nomes fictícios), usuário de crack. Há cerca de um ano ele buscou ajuda no Caps. E a mãe repete a rogativa ao filho diariamente. “Não é fácil”, confessa. “Às vezes, eu sou até agressiva, mas volto atrás e digo que estou ao lado dele”.
Pedro tem 20 anos e relata que o seu primeiro contato com as drogas foi aos nove anos de idade, com cigarro, depois maconha, em seguida ‘pó’ (cocaína), chegando ao crack nos últimos anos. A mãe se culpa por ter descoberto tudo o que acontecia apenas quando Pedro teve um surto e precisou da ajuda do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) da Secretaria de Saúde.
“A médica do Samu me recomendou o Caps e eu só tenho elogios pelo atendimento recebido. São profissionais maravilhosos, calmos, atenciosos. Não tenho do que reclamar”, elogia Marlene. Pedro ainda não conseguiu se livrar do vício, mas já sonha em trabalhar e estudar. Ele quer cursar História. Quer uma vida nova.
Conforme explica o psiquiatra Ronaldo da Silva, os pacientes que chegam ao Caps AD têm em comum as várias tentativas de abandono da drogadição. Pedem ajuda à família, que usa chás e internações em clínicas para desintoxicação. “Aqui, você vê como o ser humano se degrada em função da droga, mas também vê como é bonita a restauração”, finaliza o profissional.
SERVIÇO
Funcionamento do Caps AD III de Ceilândia
De segunda a sexta-feira, das 7h às 21h
Sábado e domingo, das 7h às 19h
Confira aqui a lista completa dos Caps.
Endereço: QNN 1, conjunto A, lotes 45/47, Ceilândia Norte
Josiane Canterle, da Agência Saúde GDF.