Cerca de 500 pessoas participaram, nesta quinta-feira (18), do ato em
defesa da permanência do Instituto do Câncer Infantil e Medicina
Especializada (Icipe) à frente da administração do Hospital da Criança
de Brasília José Alencar (HCB).
Com um abraço simbólico na unidade hospitalar, servidores públicos,
autoridades, funcionários do hospital, familiares de pacientes e
representantes de entidades organizadas da sociedade civil protestaram
contra a decisão judicial que determina a transferência da gestão do
hospital para o Governo de Brasília.
“Estamos unidos defendendo um projeto que foi construído com o
esforço de toda a sociedade, liderado pela Abrace e que hoje tem uma
gestão reconhecida internacionalmente pela maior autoridade de saúde,
que colocou a unidade como um exemplo a ser seguido pelo mundo”,
defendeu o governador de Brasília, Rodrigo Rollemberg, referindo-se ao
diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom,
que, em recente visita, não poupou elogios ao HCB.
O chefe do Executivo local enfatizou que o Icipe precisa continuar,
principalmente, para a ampliação do Bloco 2, que terá 202 leitos e
contribuirá para o atendimento de mais crianças.
“Esse é um hospital 100% público e gratuito. Hoje, não há nenhuma
instituição no Distrito Federal com capacidade para fazer essa gestão de
qualidade. Não devemos mexer em time que está ganhando”, argumentou.
Para tentar reverter essa situação, representantes do Icipe e do
Governo de Brasília apresentarão, na próxima terça-feira (24), à 6ª
Turma Cível do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios
(TJDFT), argumentos que justificam a continuidade do modelo hoje em
prática. A previsão é de que o Ministério Público também participe da
Audiência de Conciliação.
“Essa é uma ação de improbidade, mas que não tem base em nenhuma
acusação de desonestidade. Foram alegadas ações formais sobre o primeiro
contrato de 2011 que já foram superadas, inclusive pelo Tribunal de
Contas. O que existe é uma tentativa de dificultar a ação do Icipe e não
vamos permitir que isso aconteça”, defendeu o secretário de Saúde,
Humberto Fonseca.
Segundo ele, o Icipe trabalha com transparência e presta contas
regularmente. “As contas de 2011, 2012 e 2013 foram aprovadas pelo
Tribunal de Contas. As de 2014, 2015 e 2016 já foram enviadas com
recomendação de aprovação pela Controladoria. Não temos nenhuma dúvida
de que essa é uma instituição correta”, sustentou.
A ex-presidente da Abrace Ilda Peliz, atual secretária do Trabalho,
Desenvolvimento Social, Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos,
foi uma das fundadoras do Hospital da Criança.
“Eu perdi uma filha em 1994, aos dois anos de idade, para um tumor no
sistema nervoso central. Transformei meu luto em luta. Levantei a
bandeira e me uni a um grupo de médicos, Abrace e pais para construir
esse hospital. Hoje, é muito triste saber que essa unidade pode perder o
significado”, lamentou.
Márcio Sandro Alves e Ana Maria Batista Alves, pais de Eduardo
Augusto Alves Batista, que hoje tem 10 anos, sabem da importância do
Hospital da Criança.
“Aos quatro anos, meu filho foi diagnosticado com leucemia. Desde
então, foram três anos e meio de tratamento. Hoje meu filho está curado.
Todo o tratamento foi no Hospital da Criança. Sem esse suporte, talvez
meu filho não estivesse mais aqui”, contou a mãe.
Também participaram do evento, entre outras autoridades, o presidente
da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-DF), Juliano Costa Couto e o
presidente da Câmara Legislativa do DF, Joe Valle.
DADOS – Ao longo dos seis anos e meio de
funcionamento, a unidade realizou mais de 2,7 milhões de atendimentos
para crianças com câncer e outras patologias de tratamento de alta
complexidade. O hospital também alcançou 98,8% de satisfação dos
usuários pelo alto padrão de atendimento. Ailane Silva, da Agência Saúde