Imóvel mais caro poderá ser financiado com FGTS só neste ano; vale a pena?

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O governo aumentou o valor máximo dos imóveis que podem ser financiados com recursos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) para R$ 1,5 milhão em todos os Estados. Até então, o limite era de R$ 950 mil em São Paulo, Minas Gerais, Rio e Distrito Federal, e R$ 800 mil nos demais Estados. Nesse tipo de financiamento –pelo Sistema Financeiro da Habitação (SFH)–, além de poder usar o dinheiro do FGTS, o consumidor paga juros menores. 
Essa mudança, no entanto, valerá apenas para financiamentos contratados entre 20 de fevereiro e 31 de dezembro deste ano e para imóveis novos –os usados ficam de fora. Vale a pena correr para comprar a casa própria e aproveitar essa medida?

Só para os mais ricos

O advogado Armando Moraes, especialista em direito civil e bancário, aconselha o consumidor a avaliar sua renda antes fechar negócio. “É preciso fazer uma análise criteriosa para saber se tem renda suficiente”, diz. 
Para ele, a medida atinge um público bem específico. “Existe um nicho que compra [imóveis] até R$ 950 mil, que era o teto anterior, e outro que compra até R$ 1,5 milhão. Pode ser um bom investimento a depender das condições da pessoa.”

Quem se beneficia?

Essa medida beneficia quem vai fechar o financiamento neste ano, ou seja, quem já havia comprado um imóvel na planta em anos anteriores e agora pegará o empréstimo com o banco ou aqueles que decidiram comprar um imóvel pronto agora, segundo o advogado especialista em direito imobiliário Marcelo Tapai.
“Quando você fecha um contrato com a construtora é uma promessa de compra e venda, sinalizando que te interessa comprar determinado imóvel. A contratação mesmo só ocorre quando ele estiver pronto.”

Mais cautela, menos emoção

Para Tapai, apesar da vantagem, é preciso ter cautela na compra do imóvel. Antes de fechar a compra, ele recomenda que o consumidor verifique se o preço do imóvel está de acordo com outros empreendimentos da região e que tenha cuidado com as promessas de descontos.
O advogado orienta, ainda, a levar em consideração o valor final do imóvel. “É um contrato longo, precisa de um planejamento. Se deixar de pagar o financiamento, eu perco a casa. Posso até fechar o negócio com uma taxa melhor, mas, sem planejamento, isso pode trazer complicações no futuro. Na compra de uma casa, tem que fazer uma análise. Não pode comprar movido pela emoção.”

Espere. Condições podem melhorar

Paulo Porto, professor dos MBAs da FGV, também recomenda cautela. Ele orienta quem vai comprar um imóvel novo a estudar quanto tem de dinheiro no FGTS e quanto conseguirá pagar no ato do financiamento, já que isso determinará quanto de juros o consumidor terá que pagar e o valor das parcelas mensais.
“Eu não sugeriria que fossem correndo comprar a casa. Nos próximos 24 meses, as condições imobiliárias vão melhorar e as taxas de juros podem ficar menores”, diz. “A não ser que apareça uma oportunidade de ouro.”

Construtoras comemoram

Para Flavio Amary, presidente do Secovi-SP (sindicato das empresas do mercado imobiliário), este é o momento certo para comprar um imóvel. “Quem está buscando a casa própria tem um momento propício para isso. Os preços estão estáveis.”
A mudança é bem-vinda para o setor, diz ele. “É uma proposta positiva, porque traz acesso a uma taxa de juros mais baixa e atinge uma parcela maior da população. O objetivo de uma medida como essa é ter um efeito multiplicador. As construtoras vendendo mais terão menos estoques e poderão ter novos lançamentos. Os novos lançamentos geram mais emprego, além de movimentar outros setores, pois é preciso mobiliar a casa nova e você acaba comprando um sofá, uma geladeira, contratando um pintor, um arquiteto, por exemplo.”

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