Um espaço aberto para acolhimento e orientação

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Há um ano, Letícia era descrita como uma menina muito ansiosa. Tão ansiosa que costumava se irritar facilmente em qualquer situação. Assim a estudante do ensino fundamental era vista pelos pais e professores, que achavam que a fase podia passar a qualquer momento. Mas não passou. Pior: evoluiu para uma automutilação. A mãe, Vanilza Rosa dos Santos, 42 anos, procurou ajuda e descobriu que a filha tinha mais do que ansiedade. Letícia tem fobia social e foi diagnosticada com autismo leve e depressão.

Depois de bater à porta de outros locais especializados em tratamento de pacientes com o mesmo tipo de doença da filha e não encontrar o resultado que esperava, Vanilza procurou o Centro de Referência, Pesquisa, Capacitação e Atenção ao Adolescente em Família (Adolescentro) da Secretaria de Saúde (SES), na 605 Sul. Foi a escolha mais acertada.

Equipe interdisciplinar

O lugar é um centro de excelência capacitado para o tratamento de pacientes de 12 anos a 17 anos e 11 meses que apresentam algum tipo de transtorno ou sofrimento psíquico. Além do serviço ambulatorial, o Adolescentro oferece psicólogo, psiquiatra, fonoaudiologista, enfermeira, ginecologista, pediatra e assistente social, entre outros especialistas ligados à saúde. “Todos os nossos profissionais são interdisciplinares”, informa a assistente social Ana Mirian Garcia.

Campanha CLDF
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A procura aumenta a cada ano. Isso é devido, em maior parte, ao grupo terapêutico que se reúne uma vez por semana – geralmente, às quintas-feiras – com os adolescentes e seus pais. Durante esses encontros, são desenvolvidas práticas que visam melhorar ou fortalecer sentidos ou vínculos nos adolescentes com algum tipo de sofrimento.

Os grupos são reunidos separadamente por salas. Numa, ficam os pais, e em outra, os adolescentes. As dinâmicas são voltadas à ressocialização dos pacientes. “Aqui tem de ser uma passagem; a vida deles é na sociedade”, pontua Ana Mirian. “Eu quero que, quando o adolescente saia daqui, vá à Atenção Básica, por exemplo, sem ficar com medo”.

Cada grupo tem até 12 pacientes. Com o sucesso do programa, a coordenação já pensa em aumentar o quantitativo. “Essa primeira turma termina em maio”, situa a fonoaudióloga Tatiana Leonel. “Vamos ter de abrir duas iniciando em maio e terminando em agosto e outra começando nesse mês com término em setembro”.

Participação da família

O motivo da inclusão dos pais nessas atividades é a meta de capacitá-los para lidar da melhor maneira com o problema dos filhos. A ideia tem aprovação dos responsáveis pelos jovens, tanto que a turma dos pais, geralmente, é maior que a dos filhos. “Às vezes, o pai e a mãe querem frequentar, então a gente os incorpora à turma”, conta o dentista Benhur Machado Cardoso, também integrante da equipe do Adolescentro.

Nas dinâmicas, são desenvolvidas atividades para despertar o senso de coletividade e interação dos adolescentes. Há lições de higiene, de como melhorar a coordenação motora e para trabalhar a autonomia. Em outras sessões, os pacientes são treinados a melhorar as habilidades para lidar com situações que não conseguem resolver, como se socializar com os colegas.

“Todos os dias, temos uma proposta de atividade diferente, até mesmo para não cair na rotina”, relata a fonoaudiologista Tatiana Leonel

“Pode vir uma situação nova, como mudança de escola – o adolescente entra em crise”, exemplifica Ana Mirian.  Também há aulas de yoga e reiki. “Todos os dias, temos uma proposta de atividade diferente, até mesmo para não cair na rotina”, explica Tatiana Leonel.

Vanilza dos Santos, que inscreveu a filha no centro: “A meu ver, foi fundamental esse grupo na minha vida”

Letícia está há um ano no grupo terapêutico do Adolescentro. Vanilza, sua mãe, destaca que participar dos encontros foi importante para saber lidar com o problema da jovem. Ela aprendeu a colocar limites para a filha, a desenvolver o sentimento afetivo nela e a mostrar a importância de fazer amigos. “A meu ver, foi fundamental esse grupo na minha vida”, assegura. “Foi um aprendizado diferente. Agora, ela quase não tem tido crises – não com a mesma intensidade de antes”.

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