O jornal Le Parisien escreve que o ex-presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, “foi recebido como uma estrela de rock” por apoiadores próximos a Donald Trump, no Estados Unidos, durante a Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC), em Washington, no sábado (4), evento que reuniu os principais nomes da extrema direita dos Estados Unidos.
Brasília dia 06 março 2023 Jornal Mangueiral DF(Internacional)
Instalado na Flórida desde o final de dezembro, Jair Bolsonaro, 67 anos, julgou que sua relação com o ex-presidente Trump é “simplesmente excepcional”, afirma o diário francês, lembrando que o brasileiro é frequentemente chamado de “Trump dos Trópicos”.
No último dia da CPAC, a grande convenção política conservadora organizada esta semana nos subúrbios de Washington, Bolsonaro falou para uma plateia lotada com a ajuda de um tradutor. O Parisien escreve que ele “tocou em todos os temas caros à direita americana, desde os direitos dos transgêneros, às críticas à vacina contra a Covid-19, até a ameaça socialista”.
O jornal Le Figaro destaca que o ex-presidente brasileiro questionou a sua derrota em outubro, assim como havia feito Trump. “Bolsonro persiste em questionar a vitória de seu rival”, destaca a reportagem. “Tive mais apoios em 2022 do que em 2018 e não entendo porque os números dizem o contrário”, discursou, sob os aplausos do público.
Refúgio americano
A imprensa francesa afirma que o ex-capitão do Exército refugiou-se nos Estados Unidos no dia 30 de dezembro, pouco antes da posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 1º de janeiro, recusando-se como manda a tradição a entregar a faixa presidencial ao seu sucessor. No entanto, ele indicou recentemente que queria voltar ao Brasil. “Sinto que minha missão não acabou”, disse Bolsonaro, no sábado.
O jornal Libération apresenta Bolsonaro como “novo residente da Flórida, onde aguarda um processo perante o Supremo Tribunal Federal por sua suposta participação na invasão de Brasília, no dia 8 de janeiro”. Em seu discurso sucinto em português e rigorosamente cronometrado, “Bolsonaro vangloriou-se de seu governo e repetiu o lema ‘Deus, pátria, família e liberdade’”, destaca o Libé.
Citações contra a “ideologia de gênero”, o aborto e as ameaças que seu sucessor [Lula] faria ao princípio da “propriedade”, “um dos pilares da democracia” brasileira rechearam o discurso de Bolsonaro, de acordo com o Libération. O ex-presidente também fez declarações apaixonadas ao seu país, convidando o público a visitar a “Amazônia que é só nossa”. Um país onde afirma ter “semeado muito” e que revelou “muito potencial”.
Libération encerra a reportagem dizendo que a útima fala de Bolsonaro foi dirigida ao “povo americano, que sempre admirou”, e ao seu modelo: “É essencial dizer que a minha relação com Donald Trump foi simplesmente excepcional”, afirmou o político conservador, “antes de assistir ao discurso de Trump da primeira fila”, o “lugar dos bons alunos”, conclui o jornal francês.