Investigações revelam um complexo esquema de desvio de recursos públicos por meio de emendas parlamentares, envolvendo agiotagem, “funcionários fantasmas” e manipulação de contratos de eventos.
Brasília dia 20 fevereiro 2025 Jornal Mangueiral DF.
O rolo compressor da lei está a caminho da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) e de algumas secretarias do GDF. A farra das emendas parlamentares está sendo rastreada por uma força-tarefa que envolve o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) do MPDFT e o MPF. Já foram identificados alguns personagens que atuam no mundo do crime, desviando recursos públicos.
O Fatos Online teve acesso a documentos sigilosos que apontam o modus operandi de uma quadrilha, na qual apenas um integrante movimentou, no ano passado, cerca de R$ 65 milhões por meio de emendas parlamentares.
Um novo esquema utilizado pela organização criminosa (Orcrim) é a agiotagem, utilizando como pagamento de juros recursos oriundos de emendas. O agiota empresta dinheiro a deputados, chefes de gabinete e até secretários de Estado. Há também operadores que investem em campanhas parlamentares, assumindo o controle de metade do gabinete do parlamentar eleito.
Um exemplo típico foi revelado por Lucas Kotoyanis, conhecido operador em diversas campanhas, inclusive na OAB do Distrito Federal. O grego se gaba de ter conseguido uma cadeira para o distrital Rogério Morro da Cruz e deixa claro que metade do gabinete está sob seu comando, operando também com emendas parlamentares, principalmente na área da construção civil.
Recentemente, um “fogo amigo” do gabinete de Morro da Cruz deu com a língua nos dentes para as autoridades do Ministério Público do Distrito Federal (MPDFT). O caminho foi pela ouvidoria, com pedido de sigilo quanto à denúncia, mas trazendo provas robustas de um escândalo de rachadinha, em que há desvio de parte dos salários dos servidores de gabinete.
A investigação do fato levou à abertura de um procedimento extrajudicial eletrônico, conduzido por três promotores da área criminal, que analisam minuciosamente a denúncia. O processo começa assim: “O manifestante solicitou anonimato por se tratar de pessoa muito próxima ao denunciado”. A acusação envolve o chamado bispo, Weldo Gonçalves da Silva Amorim, e o distrital Rogério Morro da Cruz (PRD-DF), partido comandado no DF por Lucas Kotoyanis.
A denúncia é direcionada ao servidor da CLDF, Weldo, nomeado no cargo de assessor especial de gabinete CL-04, no gabinete parlamentar do deputado Rogério Morro da Cruz. Segundo o relato, Weldo só aparece no gabinete duas vezes ao mês, apenas para assinar papéis e garantir o recebimento do salário mensal de R$ 10 mil.
Esse imbróglio configura a prática do chamado funcionário “fantasma”, o antigo hábito de esquecer o paletó na cadeira de trabalho durante meses, mas manter o contracheque em dia. O denunciante, que negociou o anonimato, confessa aos investigadores que também é explorado no esquema da rachadinha. Curiosamente, ele faz parte da “cota” de Lucas Kotoyanis, que tem influência nas decisões parlamentares. No que se refere às emendas, os operadores compram empresas de montagem de eventos para maquiar a prestação de contas.
O dinheiro público circula dessa forma, retornando para o bolso do próprio operador. Outro artifício usado na montagem de eventos é a contratação de empresas prestadoras de serviço, que cobram pagamentos de diárias e chegam a levar até dez dias para montar a estrutura de um pequeno evento. Tudo isso consta nas faturas das empresas contratadas sob o guarda-chuva das Organizações da Sociedade Civil (OSCs) que atuam no esquema.
O operador tachado de “agiota” que atua com grande desenvoltura na CLDF, Aci Carvalho (foto), aparece em uma colaboração premiada que revelou conexões com vários parlamentares e até mesmo com secretários de Estado.
Nessa rocambolesca história, o advogado e algoz do GDF, Vicenzo, está em um embate com Morro da Cruz dentro do próprio partido. Ao perceber que poderia ser “crucificado”, Morro da Cruz tratou de se aproximar do governador Ibaneis Rocha, seguindo o velho ditado: “farinha pouca, meu pirão primeiro”.
(Fonte da Matéria Fatos Online) https://fatosonline.com.br/rachadinha-e-agiotagem-o-esquema-de-desvio-de-recursos-na-cldf/

(Anexo Fotos do Processo)










