Mais do que justiça, Arlete Bastos quer ajuda para que ela e o marido encontrem um emprego. Família é carente e precisa de apoio.
Depois de passar pelo susto de ter a filha Valentina, de apenas três meses, sequestrada na manhã de quinta-feira (29/6) no Conic, a sexta-feira (30) tem um significado especial para a faxineira desempregada Arlete Bastos, 29 anos.
Em casa, com sua pequena nos braços, Arlete diz, serenamente, que não perdoa Cevilha Moreira dos Santos, 44, a mulher que sequestrou Valentina. “Quero que ela fique presa. Ela me passou confiança e agiu de má-fé. Eu estava passando necessidade. Quando fiquei sem a Valentina, me vi sem chão”, desabafou a mãe.
Logo ela retoma o sorriso e resume como foi a noite feliz da família com a menininha de volta em seus braços. “Estamos com o coração em paz depois de tanto sofrimento durante o dia”. Valentina é uma criança sadia. E desde a tarde desta quinta, quando foi achada, as duas não se desgrudam.
Arlete recebeu vários amigos na casa da família na Vila Rabelo 2, periferia de Sobradinho, onde mora com o marido e os quatro filhos, de 12, oito e 7 anos, além de Valentina. A residência é simples. Foi construída com tijolos e telhado de amianto.
Tanto Arlete quanto o marido, Valdir Rodrigues dos Santos, 32, estão desempregados. Eles são de Monte Alegre, na Bahia, e moram em Brasília há seis anos. “Não está sendo fácil. Temos que alimentar quatro filhos e, neste momento, não temos renda nenhuma. Apesar de toda a dificuldade, o mais importante é nós termos amor e união”, diz Arlete.
A família vive de bicos que o marido faz desde o início do ano. Eles moram em uma casa erguida no terreno do irmão de Arlete. Por sorte, não pagam aluguel. O imóvel é dividido em apenas dois quartos, cozinha e banheiro. Nos cômodos, uma cama de casal, uma de solteiro e o berço de Valentina. Na geladeira, faltam mantimentos.
“Estamos precisando de ajuda. O que mais queremos, neste momento, é emprego. O meu marido faz serviços gerais e eu sempre trabalhei como faxineira, mas qualquer oportunidade será bem-vinda”, disse Arlete.
Cevilha se aproveitou da carência da família para abordar Arlete. Nesta quinta, foi com a faxineira desempregada em uma clínica do Conic para que ela fizesse um “exame admissional”. A promessa era de um emprego com salário de R$ 1 mil. Tudo mentira.
Ao deixar a filha por uns segundos com a mulher para fazer o exame, Cevilha fugiu com a menina. Foi identificada por imagens das câmeras de segurança do prédio onde ela e Arlete foram na manhã desta quinta. “Ela não vale nada. Tirou uma filha de uma mãe”, destaca Arlete.
A sequestradora foi achada em Planaltina de Goiás, sete horas depois de ter levado Valentina. Acabou presa pela PM de Goiás dentro de um táxi, a caminho de Planaltina do DF. Tinha uma certidão falsa em mãos, registrada em um cartório do Gama, o que levanta a suspeita da polícia de que ela pode fazer parte de uma quadrilha de tráfico de crianças.