Cientistas estimam hoje que a cada mil casos do novo coronavírus, entre cinco e 40 resultarão em morte — ou mais precisamente, nove em mil ou cerca de 1%.
No domingo (1/03), o secretário de Saúde do Reino Unido, Matt Hancock, afirmou que o governo estimava que a taxa de mortalidade girava “em torno de 2%, ou menos”.
Mas isso depende de uma série de fatores, como idade, gênero, condições de saúde e o sistema de saúde no qual você está inserido.
É difícil estimar a taxa de mortalidade?
É um nível de dificuldade de doutorado para cima. Até mesmo contar o número de casos é complicado.
A maioria dos infectados por grande parte dos vírus passará incólume, porque as pessoas tendem a não ir ao médico quando os sintomas são leves.
No surto atual, as diferentes taxas de mortalidade que são divulgadas pelos países ao redor do mundo dificilmente indicam que o vírus sofreu mutações.
Segundo uma pesquisa da universidade Imperial College, de Londres, isso acontece porque cada país enfrenta dificuldades maiores ou menores para contar os casos brandos, que são mais difíceis de serem contados.
Dessa forma, os casos que ficam fora do radar resultam facilmente em uma taxa de mortalidade superestimada. Mas isso também pode gerar outros problemas.
Leva tempo até que uma infecção resulte em recuperação ou morte.
Se você incluir todos os casos que ainda não tiveram um desfecho, você pode subestimar a taxa de mortalidade porque não está considerando os casos que acabarão em morte mais adiante.
Cientistas então combinam diversos fragmentos de evidências para cada uma dessas questões a fim de tentar construir um quadro geral da taxa de mortalidade.
Por exemplo, eles estimam a proporção de casos com sintomas leves de pequenos grupos de pessoas selecionados que eles estão monitorando, como os repatriados que saíram da China em direção a seus países de origem.
Mas diferentes respostas obtidas nesses fragmentos de evidências podem levar a grandes variações no quadro geral.
Se você só usar dados da província chinesa de Hubei, onde a taxa de mortalidade tem sido muito maior do que em qualquer lugar da China, então essa taxa vai parecer muito pior.
Assim, os pesquisadores estimam tanto uma faixa de variação quando o número mais provável.
Mas nem isso conta a história completa, porque não há apenas uma taxa de mortalidade.
Quais são os riscos para pessoas como eu?
Alguns grupos de pessoas são mais suscetíveis a morrerem se contraírem o novo coronavírus: idosos, aqueles que já têm doenças pré-existentes e, talvez, os homens.
Na primeira grande análise de mais de 44 mil casos na China, a taxa de mortalidade de idosos foi dez vezes mais alta do que entre aqueles de meia idade.
A taxa de mortalidade era ainda mais baixa entre quem tem menos de 30 anos — foram oito mortes entre 4.500 casos.
E as mortes eram cinco vezes mais comuns entre as pessoas que tinham diabetes, pressão alta ou doenças cardiovasculares ou respiratórias.
Há também um número levemente mais alto de mortes entre os homens, em comparação às mulheres.
Todos esses fatores influenciam uns aos outros e não temos ainda uma estimativa completa e precisa de cada grupo de pessoas em cada região.
Qual é o risco para as pessoas no lugar onde moro?
Um grupo de homens de 80 anos ou mais na China pode enfrentar riscos muito diferentes de homens da mesma faixa etária na Europa ou na África.
Os prognósticos também dependem do tratamento que eles obtêm.
Outro ponto é que isso varia também em relação ao estágio do surto no país.
Se um surto se instala, o sistema de saúde pública pode ser inundado de casos, e em qualquer país só há poucas unidades de terapia intensiva ou com ventilação mecânica disponíveis.
O novo coronavírus é mais perigoso que a gripe?
Não é possível comparar com propriedade as taxas de mortalidade dessas doenças, porque muitas pessoas com sintomas leves optam por não ir ao médico (ou são orientadas a isso).
Então, não é possível precisar quantos casos há de gripe, ou de qualquer outro vírus, a cada ano. Há estimativas.
Mas a gripe continua a matar pessoas no Reino Unido, como faz todo inverno.
Com a evolução dos dados, os cientistas são capazes de desenvolver um quadro mais preciso de quem está sob risco maior quando o surto de coronavírus se instala no país.
De todo modo, a principal recomendação da Organização Mundial da Saúde para se proteger de todos os vírus respiratórios é lançar mão de medidas como: lavar as mãos, evitar se aproximar de quem estiver tossindo ou espirrando e tentar não tocar seus olhos, nariz e boca, além de manter hábitos saudáveis.