Por que é tão difícil um furacão atingir o Brasil?

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Descrito como “extremamente perigoso” e “catastrófico”, o furacão Florence
chegou aos Estados Unidos nesta sexta-feira, ameaçando provocar
inundações, desabastecimento e mortes, segundo as autoridades
americanas.



Mas por que, diferentemente dos EUA e de outros países periodicamente
atingidos por fenômenos climáticos similares, o Brasil não precisa se
preocupar com isso?



Segundo meteorologistas ouvidos pela BBC News Brasil, as chances de que
isso aconteça por aqui são mínimas – a explicação é que a formação de
um furacão depende de uma série de fatores que só foi registrada uma vez
no país.



“Por enquanto, é quase impossível que um furacão atinja o Brasil,
a não ser que as mudanças climáticas também tenham alguma influência”,
diz Michael Pantera, meteorologista do Centro de Gerenciamento de
Emergência de São Paulo.



A meteorologista Bianca Lobo, do Climatempo, explicou que um dos
principais “combustíveis” para a formação de um furacão são as águas
quentes do mar – que precisam estar acima de 27°C.



“No Brasil, nós não temos isso. As maiores temperaturas são registradas no mar do Nordeste, onde não passam de 26°C”, diz.

Furacão Florence é descrito como 'extremamente perigoso' e 'catastrófico'

Furacão Florence é descrito como ‘extremamente perigoso’ e ‘catastrófico’

EPA/ BBC NEWS BRASIL

Campanha CLDF
Campanha-CLDF


“A umidade e a água quente do oceano que dão força a um furacão. Quando ele chega ao solo, perde força”, acrescenta Pantera.



Outro fator necessário para a formação de um furacão é o cisalhamento
ou tesoura de vento – como são chamadas as mudanças de velocidade ou
direção das correntes. Os especialistas explicam que esse fenômeno é
raro nos países localizados na linha do Equador, como o Brasil.



Meteorologistas afirmam que esse é um fator que também inviabiliza que
uma tempestade formada no Caribe atinja o Brasil, já que ela perderia
completamente a força ao se aproximar da linha do Equador.



Tufão, tornado, furacão?


A definição de tufão e furacão é a mesma. A única diferença entre eles é
o ponto de formação. Eles são um conjunto de tempestades com centenas
de quilômetros de diâmetro: surgem nos oceanos sobre as águas quentes e
podem durar alguns dias.



Segundo meteorologistas, ambos são ciclones tropicais formados em
oceanos. O que os diferencia é que os tufões se formam no oeste do
oceano Pacífico, e os furacões, no oceano Atlântico e na região leste do
Pacífico.



Já os tornados são núcleos de tempestades, muitas vezes formados a
partir de furacões ou tufões. Como sua formação só depende de uma
tempestade muito forte, eles geralmente são pequenos quando comparados a
furacões e duram por volta de uma hora.



Historicamente, só um furacão foi registrado na história do Brasil.
Chamado de Catarina, ele atingiu o litoral do Rio Grande do Sul e de
Santa Catarina em março de 2004.



Na época, pelo menos 40 cidades foram atingidas. Segundo o Centro de
Estudos em Engenharia e Defesa Civil da Universidade Federal de Santa
Catarina, os ventos atingiram a região a uma velocidade de cerca de 180
km/h.



Quatro pessoas morreram, 518 ficaram feridas e cerca de 33 mil, desabrigadas.



Mas os meteorologistas classificam o caso como raríssimo. “Foi uma
condição totalmente atípica. É muito difícil de acontecer, ao contrário
dos tornados, que inclusive são filmados com frequência no Brasil”, diz
Bianca Lobo.



Segundo Pantera, ainda há divergências se o Catarina foi de fato um
furacão. “Ele era uma frente fria que, em determinado momento, se
deslocou e fez um caminho contrário, na direção do oceano. Ainda há
muitas discussões se o Catarina era de fato um furacão.”



Mesmo com uma intensidade menor, a recomendação para quem avistar um tornado ou tromba d’água é fugir.



Se uma pessoa é atingida pelo fluxo de vento, dificilmente ela consegue
escapar. A maior probabilidade é que ela seja sacudida e arremessada
onde estiver, inclusive de embarcações.

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