Política de preços da Petrobras pode influenciar venda de refinarias

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As discussões acerca da política de preços dos combustíveis continuam trazendo preocupações para a Petrobras. Além do impacto direto nas ações da companhia, a petroleira pode ter desafios para negociar o valor das suas oito refinarias que estão à venda.

A Petrobras detém atualmente quase 100% do refino no Brasil e sua política de reajustes de preços acaba impactando toda a economia. No entanto, ao abrir mão de metade de suas refinarias, como contempla o atual programa de venda de ativos da empresa, a dependência do mercado de combustíveis em relação à Petrobras tende a ser diluída.

Enquanto isso não acontece, os investidores que levarem as primeiras refinarias terão que passar necessariamente por um período de maturação do novo mercado de combustíveis que deve se formar no país, com menos influência direta de uma só empresa.

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Ainda assim, neste horizonte, qualquer sinal de ingerência do governo federal na gestão da empresa pode trazer riscos ao ambicioso plano de desinvestimentos da estatal.

“Declarações sobre reajustes vindas do presidente da República podem gerar um clima de incertezas quanto à autonomia da Petrobras. É um ruído desnecessário. O investidor pode olhar isso de forma negativa, possivelmente impactando no valor de ativos como refinarias”, afirma Walter de Vitto, analista de petróleo e gás da Tendências Consultoria.

Para Rivaldo Moreira Neto, sócio da Gas Energy Consultoria, a tendência é que as discussões acerca da política de preços dos combustíveis impactem cada vez menos o mercado, entretanto, o risco maior fica para os compradores das primeiras refinarias da Petrobras. “O investidor certamente levará em conta o histórico da política de preços da companhia para fazer uma oferta, o que pode influenciar na valoração do ativo.”

O discurso da Petrobras há cerca de dois anos tem sido de independência. Mas isso não tem ocorrido como manda a cartilha de uma companhia de capital aberto. No começo deste ano, uma forte alta das cotações do petróleo no mercado internacional colocou pressão sobre o governo, vinda principalmente dos caminhoneiros, e Jair Bolsonaro afirmou ter ligado para o CEO da Petrobras, Roberto Castello Branco, e conversado sobre congelamento dos preços do diesel. À época, o mercado respondeu mal à decisão, o que resultou em queda das ações na bolsa de valores de São Paulo (B3).

Reprise

Um episódio parecido voltou a assombrar o mercado nesta segunda-feira, 16, quando ocorreu uma alta de 15% das cotações do barril, em decorrência dos ataques a instalações petrolíferas sauditas no fim da semana passada. Bolsonaro afirmou em entrevista à TV Record que ele havia conversado com Castello Branco e que “não haveria reajuste dos combustíveis”.

A fala de Bolsonaro levantou novamente preocupação no mercado acerca da ingerência do controlador na Petrobras e os papéis preferenciais da companhia na B3 abriram o pregão de terça-feira, 17, com uma queda próxima a 2,8%.

À tarde, o ministro da Economia, Paulo Guedes, tratou de afirmar publicamente que “petróleo quem resolve é a Petrobras”. No dia seguinte, a petroleira anunciou um reajuste de 4,2% no diesel e de 3,5% na gasolina.

De acordo com Luiz Marcatti, CEO da consultoria Mesa Corporate Governance, as decisões de uma empresa têm que ser pautadas na busca pelo melhor desempenho da empresa e mirar a saúde financeira no longo prazo.

“No histórico recente do Brasil, os governos anteriores usaram demais a Petrobras como instrumento político ao controlar os preços dos combustíveis. Neste sentido, a postura do governo Bolsonaro tem sido positiva”.

O especialista em governança ressalta, porém, que declarações intempestivas podem trazer riscos. “Felizmente, dessa vez, os efeitos foram limitados.” De Vitto, da Tendências, complementa. “O brasileiro pode interpretar essa fala como uma promessa e cobrar Bolsonaro posteriormente.” fonte exame.com.

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