Oficina de expressão ajuda no tratamento de transtornos psicológicos no Caps II de Brasília

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Resultado do trabalho foi apresentado em evento pelo Dia Nacional da Luta Antimanicomial



Em uma encenação recheada de humor, pacientes do Centro de Atenção Psicossocial II de Brasília (Caps II) apresentaram, nesta segunda-feira (20), uma peça de teatro para mostrar os opostos do atendimento a pacientes com transtornos psicológicos, dentro da programação do Dia Nacional da Luta Antimanicomial, lembrado em 18 de maio.


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Além do teatro, poesia, desenhos e o lançamento de um livro, escrito por pacientes, também fizeram parte da programação. “O livro materializa as discussões que temos dentro das oficinas no Caps. Como buscamos dar voz a eles, resolvemos publicar ”, explica o psicólogo André Martins.



A obra, intitulada A loucura somos nós, foi escrita por 20 pacientes. A impressão da primeira edição, com 50 unidades, foi paga por um dos psiquiatras do centro. Para tentar imprimir mais exemplares, o livro está sendo vendido a R$ 10,00 na própria unidade.


 OFICINAS – Todas as apresentações feitas no evento desta segunda-feira (20) fazem parte da Oficina de Expressões, projeto do Caps II de Brasília. “A arte sempre foi instrumento poderoso de tratamento na saúde mental. Então, criamos esta proposta de espaço para que eles possam se expressar da forma como se sentirem melhor”, avalia o psicólogo André Martins.



Os encontros acontecem todas as segundas-feiras à tarde. O grupo de teatro é o mais novo dos projetos dentro da oficina. Uma das idealizadoras é a designer gráfica e paciente do Caps II, Samantha Larroyed (foto acima), 32 anos.



“Em contato com um colega de São Paulo, soube que em um Caps de lá havia um projeto de teatro e, então, sugeri que fizéssemos aqui também”, conta ela, que na apresentação fez o papel de uma médica. Ela tem esquizofrenia e diz que atuar ajuda bastante no tratamento. “Posso gritar, simular crise, me expressar e saio daqui mais leve”, ressalta.



Dirigindo as peças está o jovem Thaylor Fonteneles, 25 anos. Há dois anos em tratamento de personalidade no Caps II, ele foi um dos primeiros a participar de peças teatrais na unidade. “Antes, a gente montava peças só para apresentações como esta. Depois, sugerimos que virasse uma oficina”, conta. Para ele, estar no teatro é ser levado para outro mundo. “Posso até estar em crise, mas enquanto estou atuando, fico ameno”, destaca.



As temáticas das encenações são escolhidas pelos próprios pacientes. Normalmente, têm a ver com as vivências deles. “O papel do coordenador é permitir a expressão e tentar concatenar as ideias”, lembra o psicólogo.



ATIVIDADES – Além da oficina de expressão, o Caps II de Brasília tem outros grupos e oficinas durante toda a semana, e uma caminhada todos os dias pela manhã. Tem, inclusive, grupo exclusivo para familiares dos pacientes, pois eles são peças fundamentais no tratamento.



Uma das atividades mais novas é a Oficina da Cidadania, temática principal da política de luta antimanicomial. “A gente discute os benefícios a que eles têm direito, a legislação, o que está em voga na saúde mental. Queremos que a cidadania parta deles, aproveitando o desejo deles de viver”, observa a gerente do Caps II, Naura Sachet.



Atualmente, a unidade está com 400 pacientes em acompanhamento. Porém, desde que foi inaugurado, em 2017, cerca de 1.200 pacientes já foram atendidos. O centro trabalha com porta aberta, de segunda a sexta, das 7h às 18h. Faz o acolhimento e aqueles com transtornos graves e persistente, não ligados ao uso de álcool e drogas, são acompanhados pelo local. Os que não se encaixam no perfil, são encaminhados para outros serviços da rede.


 Alline Martins, S, Saúde

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