Após 22 anos investindo no Projeto Olho Verde, de monitoramento
ambiental aéreo, fiz na semana passada um sobrevoo nas regiões onde
ocorreram os Jogos Pan Americanos, a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos,
que consumiram muitos bilhões de reais. O que se vê é uma devastação
progredindo de forma sistêmica, no atacado, por toda a Região
Metropolitana do Rio de Janeiro.
Há como reverter? Claro que sim,
porém, o problema é que as três principais causas são muito caras à
classe política: crescimento urbano desordenado, transformado numa
fábrica de votos; falta de universalização do serviço de coleta e
tratamento de esgoto; e uma sociedade acostumada a pagar e a ficar
quieta, associada a uma cultura exploratória, onde continua valendo a
máxima de obter a maior vantagem no menor espaço de tempo possível.
Com
isso, o Rio de Janeiro transformou praticamente todos os seus rios em
valões de esgoto e lixo; lagoas e baías, em latrinas. O poder público é o
principal protagonista deste nefasto cenário, em ação e omissão. Não
lembro de nenhum delinquente ambiental sendo preso, o que me leva a
concluir que, no Brasil, o crime ambiental compensa.
Mar
de esgoto tinge de marrom a extremidade sul da Lagoa de Jacarepaguá, na
beira da Vila Olímpica. Projeto também foi incapaz de promover o
saneamento básico da região do bairro da Zona OesteAs
obras de revitalização do Porto Maravilha não cuidaram do saneamento
básico, e o esgoto desemboca em plena aérea turística, bem ao lado do
Navio Escolada Marinha brasileira no Centro da cidadeA
foz dos rios Irajá e São João de Meriti deságua todo o esgoto carreado
da Baixada Fluminense no fundo da Baía de Guanabara. Ambos são
fundamentais para o projeto de despoluição da BaíaO
Canal das Taxas conduz o esgoto que vem de favelas como a do Terreirão,
no Recreio dos Bandeirantes, e deságua na Lagoa de Marapendi