Um homem matou a mulher, na tarde desta sexta-feira (16/3), e cometeu
suicídio em seguida, em Ceilândia. Segundo informações preliminares da
Polícia Militar, o marido usou uma arma calibre 38 para cometer o crime e
tirar a própria vida.
O Sindicato dos Trabalhadores em
Empresas de Transportes Metroviários do DF (SindMetrô) informou que o
homem era piloto do Metrô-DF. O casal estava em processo de separação e
tinha dois filhos. A companhia confirmou a informação e disse que se
trata de Júlio César dos Santos, 38 anos, funcionário do Metrô desde
2012.
Ele e a mulher, Mary Stella Maris Gomes Rodrigues dos
Santos, 32, haviam se separado, mas teriam reatado o relacionamento
havia poucos dias. Vizinhos informaram que o casal morava na Ceilândia
desde 2014 e que brigas eram constantes.
A notícia surpreendeu os colegas de trabalho. “Ele era um cara super
tranquilo, sossegado. Essa notícia surpreendeu a todos. Está todo mundo
muito sentido”, comentou Renata Campos Strafacci, da Secretaria de
Comunicação e Mobilização do SindMetrô.
Testemunhas
informaram que o filho de 2 anos do casal presenciou o crime e ficou em
estado de choque. A criança está na casa do vizinho, Edson Tavares,
sargento do 10º Batalhão de Polícia Militar, 44. O outro filho está na
escola.
Edson relatou ao Correio que não
tinha contato com Júlio César. “Eu tinha chegado do serviço, ouvi os
gritos de socorro e coloquei a arma na cintura, para ajudar. Mas não
cheguei a tempo, ela já havia sido alvejada”, lamentou o militar.
Uma
testemunha, que preferiu não se identificar, afirmou que estava em casa
quando ouviu o som de objetos de vidro sendo quebrados e pedidos de
socorro. “Eu a vi tentando fechar a porta de casa, enquanto segurava o
filho no colo. Ela me pediu para ligar para a polícia quando viu que ele
estava armado. Enquanto eu pegava o celular em casa, ele deu três tiros
nela. A polícia encontrou os dois caídos no chão”, relatou.
Casos recentes
No início do mês, crime semelhante chocou moradores da Asa Sul. Elson da Silva, 39 anos, usou também uma arma de fogo para matar a mulher, Romilda Souza, 40, no apartamento em que os dois moravam, na Quadra 406. Ele cometeu suicídio em seguida.
Em 11 de setembro do ano passado, Almir Gomes da Silva, 58, matou a mulher, Elanir Olivia Silvia, da mesma idade, na Candangolândia. O casal estava em processo de separação, de acordo com testemunhas, mas o autor não aceitava o fim do relacionamento.
No Dia Internacional da Mulher, celebrado em de março, o número de casos de violência doméstica registrados pela Polícia Militar contra mulheres no DF foi mais alto que a média.
De acordo com a corporação, houve o registro de 84 chamados, a maior
parte em Ceilândia, seguida de Taguatinga e Paranoá. O número médio de
ocorrências não costuma passar de 50.
Necessidade de políticas públicas
Tânia Fontenele, pesquisadora de gênero e coordenadora do Instituto
de Pesquisa Aplicada da Mulher, explica que o combate a relacionamentos
abusivos exige políticas públicas e conscientização. “As campanhas
contra a violência falam da denúncia. As famílias e a comunidade devem
perceber essas agressões físicas ou psicológicas e tentar ajudar para
não chegar ao extremo. Muitos casos são de fundo patológico (doentios)”,
destaca.
Para a especialista, esse trabalho envolve a
escola, as famílias e leva décadas para mostrar resultados. “A violência
é inadmissível. Para se combater isso é necessário conversar com as
crianças, explicar nas escolas o que é e como pedir ajuda para criar um
novo comportamento. O patriarcado e o machismo levam homens a matar
mulheres simplesmente por serem mulheres. É preciso políticas públicas e
campanhas para mudar isso”, conclui.fonte correio Brasiliense