Dia decisivo para as Eleições 2018, ocorrem nesta
quarta-feira (15) os registros das últimas candidaturas. Em Brasília,
mais de cinco mil manifestantes, ligados ao Movimento dos Trabalhadores
Rurais Sem Terra (MST), estão na expectativa da formalização de Luiz
Inácio Lula da Silva, preso desde abril, como candidato à presidência
pelo Partido dos Trabalhadores (PT). Mobilizados em torno da questão
polêmica, eles vão caminhar pelo Eixo Monumental até o Tribunal Superior
Eleitoral (TSE). Um esquema especial de segurança foi montado para
limitar acessos. As faixas exclusivas estarão liberadas até as 23h59.
Segundo a Polícia Militar, nenhuma via será bloqueada. Mas os
estacionamentos do TSE, Tribunal Superior do Trabalho (TST) e Superior
Tribunal de Justiça (STJ) ficarão fechados. Apenas autoridades e
funcionários terão acesso aos prédios. Os servidores dos ministérios
também foram orientados a utilizar o transporte público.
O responsável pelo Comando de Policiamento de Trânsito (CPTrans),
coronel Alexandre de Souza Oliveira, pede para que a população evite
passar pelo Eixo Monumental e Esplanada. “Assim que os manifestantes
chegarem na altura do Palácio do Itamaraty, eles devem pegar a via que
dá acesso aos tribunais. Lá, terão um espaço para se aglomerarem”,
ponderou.
Um acordo entre os movimentos e as corporações de segurança do DF
prevê que, pacificamente, a partir das 13h, militantes acampados no
estacionamento do Ginásio Nilson Nelson darão início ao ato. De lá,
atravessarão o Eixo Monumental e seguirão sentido S1. Em seguida,
caminharão até o TSE. “Eles vão ocupar as três faixas da direita, para
que as outras fiquem livres. A intenção é evitar congestionamento”,
informou a PM.
O término da manifestação está previsto para as 19h, horário em que o
TSE costuma encerrar as atividades. A volta aos acampamentos não será
feita em marcha. “Há um acordo para que voltem de ônibus. Os veículos
ficarão estacionados próximo ao local de concentração. Eles devem sair
pela L4 Sul, justamente porque a via tem muitas faixas e não
atrapalharia ninguém”, resume o coronel.
Ação pacífica
“A ideia é que seja uma manifestação pacífica e que a cidade não
pare”, afirma o chefe de Operações da PMDF, coronel Macilon Back da
Silva. Segundo ele, 1,2 mil policiais estarão de prontidão. “Haverá uma
viatura em cada ministério para auxiliar em qualquer transtorno.
Internamente, os prédios contarão com o apoio da Força Nacional”,
destacou.
Trânsito complicado na véspera
Ontem, a multidão ocupou duas faixas de rolamento das principais
rodovias do DF, por onde passam 300 mil veículos diariamente. Cada
frente foi seguida de perto por um órgão de segurança. O ato provocou
lentidão e engarrafamentos que refletiram nas pistas mais distantes.
Para hoje, o movimento deve se concentrar na área central.
De acordo com Glauber Peixoto, diretor de Policiamento e Fiscalização
de Trânsito do Detran, a expectativa é que os integrantes do MST saiam
organizados e em filas, sem confusão.
Após quatro dias de marcha e mais de 60 quilômetros percorridos, os
militantes passaram a noite em acampamento no Ginásio Nilson Nelson, no
coração da capital, divididos em três frentes. A Coluna Prestes tem
representantes dos estados do Sudeste e do Sul. A Tereza de Benguela,
reúne o povo do Centro-Oeste e da Amazônia. A Coluna Ligas Camponesas é
composta pelos estados do Nordeste. Todos os nomes fazem referência a
movimentos pela luta por terra no País.
Representante da coordenação nacional da marcha, Marina dos Santos
contou que a concentração começará às 12h. “Vamos nos somar a outras
manifestações e ficar ali acompanhando e fazendo parte desse registro
que também achamos que é histórico”, afirmou. Para ela, o ato que reúne
milhares no DF é retrato da democracia.
“A reforma agrária popular e o que produzimos em mais de 30 anos
servem para construir esse tipo de ato. O MST é autônomo. Não precisa do
PT, que não faz parte da marcha. É o nosso movimento. Eles acreditam na
política. A gente, no povo”, diz Michelle Capuchinho, 33, assistente
social mineira.
Saiba Mais
Um homem foi preso suspeito de estuprar uma mulher o Núcleo Rural Boa
Esperança II, próximo à Granja do Torto, por volta de 8h30 de ontem.
Ele é morador de Campos Belos (GO) e possui 10 passagens pela polícia,
sendo a maioria por ameaça. À Polícia Militar, ele teria dito que fazia
parte do ato do MST.
A organização da marcha nega. Os acampamentos foram levantados às 7h,
após checagem de todos os presentes, que usam pulseira de
identificação. Após o ocorrido, houve nova conferência dos integrantes e
nenhuma ausência foi constatada. Ainda segundo os responsáveis, a
divulgação da PM é uma “irresponsabilidade”jornal de brasileira.