O Fórum Nacional de Atenção Primária à Saúde promoveu, nesta quinta-feira (14), a mesa-redonda Perspectivas das Estratégias de Saúde da Família no Brasil, que reuniu mais de 350 profissionais e docentes da área de saúde no auditório da Associação Médica de Brasília (AMBr).
Integrante da mesa, o secretário de Saúde, Humberto Fonseca, defendeu
as mudanças promovidas no Distrito Federal pela conversão do modelo
tradicional de atenção primária para a Estratégia Saúde da Família
(ESF), cuja cobertura populacional aumentou de 32%, em 2017, para 69,1%
em março deste ano.
De acordo com Fonseca, o aumento foi possível a partir da constatação
da existência de grande quantitativo de profissionais na atenção
primária que não atuavam conforme as diretrizes da Saúde da Família.
Sem fazer nenhuma contratação, foi possível reorganizar as atividades
desses servidores, capacitá-los e, dessa forma, criar mais 324 equipes
da ESF, sobrando ainda 400 enfermeiros e 1.000 técnicos de enfermagem.
“A situação era absurda. Tínhamos 80% do orçamento da Saúde
comprometido com pessoal, mas não conseguíamos aproveitar essa força de
trabalho. Por isso, acreditamos que a Saúde da Família é o melhor
modelo, com a melhor realocação de recursos”, garantiu Fonseca.
Apesar das resistências à implantação do novo modelo no início das
mudanças, vindas de diversos setores da sociedade, o secretário acredita
que, com o passar do tempo, a população terá consciência dos efeitos
benéficos trazidos pela Saúde da Família. Para que essa percepção seja
conquistada, ele conta com o suporte dos profissionais da atenção
primária.
“Precisamos muito que, na ponta, tenhamos a consciência que esse é o
momento de fortalecer a Saúde da Família. Se nós não estivermos unidos,
de forma que fique claro para a população que esse é um modelo que traz
qualidade, que diminui o adoecimento e, efetivamente, gera um vínculo
das equipes com as pessoas, nós não vamos conseguir”, disse Fonseca.
DADOS – Segundo o diretor substituto do Departamento
de Atenção Primária do Ministério da Saúde, Allan Sousa, atualmente
63,7% da população brasileira está coberta pela Estratégia Saúde da
Família, com 42.467 equipes que cuidam de mais de 131 milhões de
cidadãos.
“Ao longo dos últimos 15 anos nós praticamente dobramos as coberturas
populacionais. Para se ter ideia da magnitude disso para o Brasil, isso
sempre impressiona as pessoas de outros países que nos visitam”,
comentou Sousa.
Outro dado foi trazido pela médica de família e comunidade e
professora de medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
(UFRGS), Patrícia Chueiri. De acordo com o estudo apresentado por ela no
evento, em Joinville (SC), indivíduos atendidos pela ESF tiveram risco
de morte 42% menor em relação as pessoas que não eram atendidas pela
Saúde da Família.
“A ESF diminui o risco absoluto e de morte em 16,4%”, ressaltou
Chueiri, ao apontar a necessidade de se divulgar mais as vantagens da
ESF. “A Saúde da Família é muito superior, em coisas muito claras. Mas
temos que nos comunicar de forma a mostrar isso para além dos
profissionais que já atuam nisso, chegando à população”, completou.
EVENTO – Promovido pela Sociedade Brasileira de
Medicina de Família e Comunidade (SBMFC) e a Associação Brasiliense de
Medicina de Família e Comunidade (ABMFC), o fórum termina amanhã (15).
O evento celebra os 30 anos do Sistema Único de Saúde (SUS) e também
comemora os 40 anos de Alma-Ata – declaração formulada por ocasião da
Conferência Internacional sobre Cuidados Primários de Saúde, reunida em
Alma-Ata, no Cazaquistão (ex-república socialista soviética), de 6 a 12
de setembro de 1978.
Leandro Cipriano, da Agência Saúde