Diante do risco de demissão de terceirizados da limpeza da
Universidade de Brasília (UnB), cerca de 300 pessoas, entre
técnico-administrativos, alunos e os próprios terceirizados, protestaram
nesta segunda-feira (26/3), na Reitoria e em outros pontos do câmpus
Darcy Ribeiro, na Asa Norte, carregando faixas e cartazes com palavras
de ordem.
A diretora de Comunicação Institucional e
Política do Diretório Central dos Estudantes (DCE), Ludmila Brasil,
afirmou que os discentes também estão se mobilizando em apoio aos
funcionários. De acordo com ela, um grupo de estudantes, trabalhadores e
sindicato se formou para demandar transparência e respeito.
“Vamos continuar mobilizando a universidade pela recomposição do
orçamento da universidade”, completa. Os centros acadêmicos dos cursos
de sociologia e antropologia convocaram assembleia para discutir uma
possível paralisação dos estudantes contra o “corte de gastos e a favor
de todos os servidores terceirizados”.
O coordenador-geral
do Sindicato dos Trabalhadores da Fundação Universidade de Brasília
(Sintfub), Rogério Marzola, afirma que há outros caminhos que não a
demissão de servidores terceirizados. “Temos de procurar a alteração nos
contratos, rever a margem de lucro dessas empresas, que é muito
elevada”, diz. Ele acrescenta que a direção da UnB se comprometeu a
negociar com os trabalhadores nesta terça-feira (27). “Amanhã
apresentaremos nossas propostas. Como se dispuseram a negociar, nos
mantemos mobilizados, mas sem deflagração de greve.”
Em
nota, a UnB afirma que “respeita e acolhe a manifestação dos servidores,
estudantes e funcionários ocorrida na manhã desta segunda-feira (26)”.
“Tais espaços de ação são legítimos, bem como os meios utilizados”,
continua o texto.
Deficit de R$ 92,3 milhões
A
Universidade de Brasília (UnB) enfrenta um impasse para conseguir
manejar o deficit orçamentário. Na sexta-feira (23/3), diretores de
institutos, faculdades e órgãos auxiliares se reuniram com o objetivo de
discutir planos para enfrentar a atual situação de crise. Entre as
principais alterações propostas estão as dos contratos de prestação de
serviço, que incluem servidores da limpeza, o Restaurante Universitário
(RU) e os contratos de estágio.
A Universidade de Brasília
tem um deficit orçamentário estimado em R$ 92,3 milhões para 2018. Por
meio do aumento de receita e redução de despesas, com o objetivo de
tirar as contas do vermelho, a UnB espera um aumento de R$ 50,8 milhões.
A universidade calcula que será necessária ainda uma redução
orçamentária de R$ 39,8 milhões.
Para alcançar esse valor,
os contratos de prestação de serviços e o orçamento de custeio
precisariam ser reduzidos. Os primeiros contabilizam R$ 214,5 milhões,
enquanto o segundo – que inclui contas de água, luz, limpeza e segurança
– custa R$ 137 milhões. Entre os contratos de prestação de serviço,
podem ser prejudicados principalmente os servidores terceirizados da
limpeza.
Correio teve acesso reitera a gravidade da situação orçamentária. O
texto aponta ser necessária a redução de 55% do contrato de limpeza a
partir de 16 de maio de 2018. De acordo com representante da RCA,
empresa responsável pela maioria desses contratos na UnB, os cortes
ainda não foram oficializados, mas citados em reunião.
O diretor de Terceirização da UnB, Júlio Versani, afirma que não teve
acesso ao documento, mas que foi feito um levantamento por parte da
administração superior, o qual apresentou percentuais que devem ser
adotados para que a universidade consiga reverter o deficit.
“Possivelmente todos os contratos da Fundação Universidade de Brasília
(FUB) devem passar por revisão”, acrescenta.
Uma
das alterações previstas no orçamento da UnB é na política de subsídios
ao Restaurante Universitário, isto é, há a possibilidade de alteração
do preço e fim do subsídio para servidores e terceirizados, o que antes
não ocorria. No ano passado, segundo a diretora do RU, Cristiane Costa,
uma revisão do contrato com a empresa terceirizada que dirige o
Restaurante Universitário reduziu 15% do valor gasto no local, que
recebe 12 mil pessoas por dia, no câmpus Darcy Ribeiro.
Desde
o corte, o café da manhã oferece um pão a menos, não disponibiliza mais
suco nem iogurte. No almoço, as porções das proteínas e frutas também
foram reduzidas. Além disso, o contrato previa que lanchonetes
funcionariam no RU, com máquinas automáticas, mas elas foram retiradas.
Mesmo com o desfalque no cardápio, não houve demissão de funcionários.
A
proposta do início do ano, elaborada pelo Conselho de Administração
(CAD), foi de um aumento de R$ 2,50 para R$ 6,50 aos estudantes. O
segundo grupo, incluindo os visitantes, pagaria R$ 13. O acréscimo
representaria 160% em relação à tabela vigente, mas a votação, que seria inicialmente realizada em fevereiro, foi adiada.