Protestos contra cortes nos subsídios dos combustíveis voltaram a paralisar os transportes em grandes cidades do Equador nesta sexta-feira, um dia após tumultos durante os quais 275 pessoas foram presas e 28 policiais ficaram feridos, disse o governo.
Testemunhas disseram que os serviços de ônibus e táxis continuavam em greve. Os preços dos combustíveis dispararam na quinta-feira devido às medidas fiscais adotadas pelo presidente Lenín Moreno no início da semana.
Ainda na quinta-feira, manifestantes mascarados atiraram pedras e enfrentaram a polícia na capital Quito, provocando grandes estragos em meio aos piores distúrbios em anos na nação petrolífera de 17 milhões de habitantes.
Moreno, que aproximou o Equador dos mercados depois de anos de um governo de esquerda e alinhou as políticas a um empréstimo de 4,2 bilhões de dólares do Fundo Monetário Internacional (FMI), descartou os subsídios dos combustíveis, que duravam décadas, e anunciou mudanças tributárias.
Isso enfureceu sindicatos do setor de transportes, cuja ação contou com a participação de grupos indígenas, estudantes e outros sindicatos.
O líder dos caminhoneiros, Luis Vizcaino, pediu diálogo com o governo.
“Todos os setores de transporte do Equador estão em crise… temos que nos sentar… precisamos chegar a uma medida intermediária”, disse ele à TV local.
Até a noite de quinta-feira, 275 pessoas haviam sido presas e 28 policiais tinham ficado feridos, disse o Ministério do Interior.
Como o governo declarou o estado de exceção no mesmo dia, a polícia acionou veículos blindados e usou gás lacrimogêneo para repelir os manifestantes e impedi-los de chegar ao palácio presidencial.
Os preços do diesel subiram de 1,03 dólar para 2,30 dólares por galão de 4,5 litros na quinta-feira, e a gasolina foi de 1,85 dólar para 2,39 dólares.
“Tenho coragem de tomar as decisões certas para o país”, disse Moreno a repórteres, elogiando os serviços de segurança por conter a violência.
O Equador tem um longo histórico de instabilidade.
Protestos de rua derrubaram três presidentes durante o caos econômico visto na década anterior ao governo do antecessor de Moreno, Rafael Correa, iniciado em 2007.