Deputados e senadores decidirão a partir das 18h desta sexta-feira, 1º, quem serão os presidentes da Câmara e do Senado pelos próximos dois anos. As duas votações ocorrerão em meio a climas distintos: enquanto o atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), arregimentou 17 partidos aliados e é franco favorito para ser reconduzido ao comando da Casa, a disputa no Senado depende, sobretudo, da definição sobre se a votação será aberta ou secreta.
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, determinou que os votos não fossem divulgados, o que favoreceria a candidatura de Renan Calheiros (MDB-AL). Isso porque alguns senadores que votariam nele em eleição secreta deixariam de fazê-lo se tivessem que declarar a opção abertamente, em função das investigações contra o alagoano. Assim, adversários de Renan buscam assinaturas de colegas para reverter a decisão de Toffoli no plenário.
Espetáculo deprimente’, diz Tasso ao desistir
Ao anunciar que desistiria de concorrer à presidência do Senado, nessa sexta, o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) afirmou que entre ontem e hoje se estabeleceu um “espetáculo deprimente” no Senado. “E eu não vou participar disso”, afirmou o senador. O tucano sinalizou que deve apoiar a candidatura de Davi Alcolumbre.
Depois da desistência, Renan Calheiros ironizou Tasso no Twitter:
Collor foi o primeiro a registrar candidatura no Senado
O senador Fernando Collor (PROS-AL) foi o primeiro a formalizar candidatura para a presidência do Senado. O ex-presidente da República vinha fazendo mistério sobre sua intenção de disputar o pleito. Até mesmo integrantes de seu partido não sabiam dizer se ele, de fato, seria ou não candidato. Por causa da decisão tardia, poucos senadores têm sinalizado que votarão nele.
Collor não tem participado das reuniões entre os candidatos que fazem oposição a Renan Calheiros. Segundo a assessoria de imprensa de Collor, o presidente Jair Bolsonaro ligou para ele com o objetivo de desejar boa sorte no pleito.
Há 41 assinaturas por voto aberto no Senado, diz senador
O senador Eduardo Girão (PROS-CE) diz ter conseguido 41 assinaturas de parlamentares a favor de que a eleição no Senado ocorra com voto aberto. O objetivo é apresentar um requerimento para que a questão seja avaliada logo no início da sessão que vai eleger o novo presidente da Casa. O número representa a maioria absoluta dos 81 senadores.
Um dos principais adversários de Renan Calheiros na disputa pela presidência do Senado, o presidente em exercício da Casa, Davi Alcolumbre, revogou na manhã desta sexta-feira decisão da Secretaria-Geral da Mesa que o impedida de presidir a sessão para a eleição no plenário. O edital determinava que a audiência fosse conduzida por José Maranhão (MDB-PB), aliado de Renan, pela regra de antiguidade. Alcolumbre é o único integrante da mesa diretora anterior que permanece na Casa na atual legislatura.
Como é a votação no Senado
A princípio, conforme decisão de Dias Toffoli, a votação no Senado será secreta. Adversários de Renan Calheiros, no entanto, pedirão que a eleição seja aberta. A sessão está marcada para as 18h e será aberta quando for atingido o quórum mínimo de 41 senadores com presença registrada no plenário. Em dezembro, o senador Eunício Oliveira (MDB-CE), ex-presidente da Casa, decidiu que será eleito o candidato que receber a maioria dos votos, ou seja, 41. Caso o número não seja atingido, haverá segundo ou mais turnos.
Até o momento são candidatos Renan, Davi Alcolumbre (DEM-AP), Fernando Collor (PROS-AL), Alvaro Dias (Podemos-PR), Reguffe (sem partido-DF), Esperidião Amin (PP-SC), Major Olímpio (PSL-SP) e Angelo Coronel (PSD-BA). Tasso Jereissati (PSDB-CE) desistiu de concorrer.
Como é a votação na Câmara
A votação à presidência da Câmara é eletrônica e secreta. O início da sessão, marcado para as 18h, só será iniciada com quórum mínimo de 257 deputados com presença registrada no plenário. Como o presidente da Casa, Rodrigo Maia, é candidato, ela será conduzida pelo deputado mais velho entre os que têm mais mandatos, Gonzada Patriota (PSB-PE). Para ser eleito em primeiro turno, o candidato deve receber maioria absoluta dos 513 votos, ou seja, 257. Se nenhum dos postulantes obtiver esse número, os dois mais votados vão ao segundo turno, no qual vence o que tiver mais votos.
Até agora são candidatos Maia, Fábio Ramalho (MDB-MG), Ricardo Barros (PP-PR), General Paternelli (PSL-SP), JHC (PSB-AL), Marcelo Freixo (PSOL-RJ) e Marcel Van Hattem (Novo).
Com Maia e Renan favoritos, eleições em Câmara e Senado fogem à renovação
As eleições de 2018 tiveram as maiores renovações de cadeiras no Legislativo desde a redemocratização e levaram ao Palácio do Planalto um ex-deputado do baixo clero. Os anseios por mudança expressos nas urnas pelo eleitor, contudo, não terão vez nas eleições para o comando do Legislativo, a partir das 18h desta sexta-feira, 1º. Incólumes à onda de renovação Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Renan Calheiros (MDB-AL), dois representantes do que se chama de “velha política”, são os favoritos para comandar Câmara e Senado pelos próximos dois anos.