A greve dos caminhoneiros levou o Santander a cortar sua projeção de
crescimento para o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano em 0,7 ponto
porcentual. “Vínhamos com (uma previsão de alta de) 3,2% desde outubro.
Já íamos revisar para algo mais perto de 2,5% por causa dos resultados
do começo deste ano. Mas a decisão de 2% foi por conta da greve,
considerando seus efeitos diretos e indiretos”, disse o economista do
banco Rodolfo Margato.
Para o segundo trimestre, o
Santander ainda reviu sua projeção do PIB de 0,8% para 0,2%. Segundo
Margato, além da redução da produção nos setores que foram obrigados a
parar por causa do protesto dos caminhoneiros, a confiança do consumidor
e do investidor deverá recuar nos próximos meses, puxando a economia
para baixo.
O economista Alberto Ramos, do Goldman Sachs,
também destacou, em relatório, a queda da confiança do consumidor e dos
empresários já em abril e revisou sua previsão para o PIB do ano de 2,3%
para 2%.
A coordenadora do boletim de macroeconomia do
Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da FGV, Silvia Matos, projeta,
com base em dados preliminares, um impacto da greve em cerca de R$ 15
bilhões no PIB deste ano. Segundo ela, isso significa um recuo de 0,2%
na previsão de crescimento, resultando em um PIB de 1,9% em 2018.
O
Itaú já vinha mais pessimista, com uma projeção de 2% no PIB, e ainda
não incorporou os resultados das paralisações do transporte de cargas.
“O impacto de curto prazo (que inclui apenas a interrupções nas cadeias
de produção e suprimentos, e não considera os efeitos na confiança) não
deve chegar a 0,4 ponto porcentual no resultado do segundo trimestre”,
afirmou o economista do banco Artur Passos.
Líder
Segmento
da economia que registrou o melhor desempenho no primeiro trimestre
deste ano, com alta de 1,4% na comparação com o último trimestre de
2017, a agropecuária sairá bastante abalada da greve dos últimos dias,
de acordo com Margato, do Santander.
“O agro deverá
mostrar o pior resultado do segundo trimestre em termos de impacto. A
produção se perdeu, os produtos não são estocáveis, como o das
montadoras de carros.” Segundo ele, produções como a de suínos poderão
levar até cinco meses para se recuperarem.
As projeções do
Santander apontam ainda que a agropecuária deverá registrar uma queda de
9,3% no segundo trimestre na comparação com o mesmo período do ano
passado. Nessa mesma base de comparação, o setor recuou 2,6% no primeiro
trimestre deste ano. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.