Dieta Cetogênica transforma a vida de crianças com epilepsia

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dieta foi o único remédio capaz de eliminar as crises epiléticas da menina de 10 anos, Emilly Louizy Brandão. A criança sofria com o problema desde os cinco meses de vida, causado em razão da falta de oxigenação durante o nascimento. Desde então, diversos medicamentos foram utilizados sem nenhum sucesso, até iniciar o novo tratamento na rede pública de saúde.
 
“Todo dia, minha mamãe precisava me buscar na escola, porque eu passava mal. Hoje, essa dieta faz parte de um sonho que se tornou realidade. Mudou a minha vida”, confirma a criança, que relata a enorme dificuldade que tinha para executar atividades normais para a maioria das crianças, como brincar, ler e escrever, em razão do uso dos remédios que não resultaram em melhorias.
O tratamento, chamado dieta cetogênica, o único desse tipo oferecido pelo SUS no Centro-Oeste, está disponível no Ambulatório de Dieta Cetogênica do Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib) desde 2016. Mais de 30 pessoas já foram submetidas à terapia, que consiste em prescrever um cardápio com alimentação rica em gorduras, pobre em carboidratos, acompanhado de proteínas, que pode reduzir mais de 50% das crises e, em 20% dos casos, como no de Emilly, pode levar à cura.

SOLUÇÃO –
 “Os remédios não apresentavam resultados. Quando começamos a dieta, há dois anos e meio, minha filha não teve mais nenhuma crise. Foi maravilho. Mudou a vida dela e de toda a nossa família, que não podia ter uma vida normal. Tínhamos medo de fazer um passeio em família e minha filha ter uma das crises imprevisíveis. Hoje, isso mudou”, afirma a mãe de Emilly, a técnica de enfermagem Amanda Louizy, 30 anos. Ela relata que a doença, que não tinha indicação cirúrgica, parecia invencível com o uso dos medicamentos.
A mãe frisa que as crises começaram a diminuir já após dois dias do início da dieta, que reduz os níveis de açúcar no sangue. A criança não toma mais medicação e começou a escrever melhor, ter equilíbrio nos movimentos, brincar e ser mais ativa.
“A escola parou de me ligar para buscá-la. A qualidade de vida, não só na dela, mas de todos nós, melhorou muito, inclusive, minha relação com o meu marido e minha outra filha. Não temos mais medo de sair para um programa de lazer, porque, hoje, ela tem a vida de uma criança normal”, descreve a mãe.
“O melhor de tudo é que o remédio dela, que é a dieta, é feita por mim. No início, foi difícil privá-la de tudo que uma criança normal pode comer, como um pedaço de bolo, arroz, macarrão e doces, e passar para uma saladinha, proteína e gordura, sendo tudo pesado na balança. Mas essa é a dieta que minha filha precisa e nenhuma medicação trouxe”, comemora.
SERVIÇO  A coordenadora do Ambulatório de Dieta Cetogênica do HMIB, Ludmila Uchoa, fala sobre a dieta. “É uma dieta rica em gorduras, pobre em carboidrato, acompanhada de proteínas, utilizada no tratamento de epilepsias de difícil controle, que não melhora com o uso de medicamento. Entre os principais alimentos utilizados estão creme de leite, bacon, ovos, azeite, verduras e legumes”, explica.
 
 Segundo ela, qualquer criança com até 15 anos de idade pode ter acesso ao serviço, desde que encaminhada pelo neuropediatra assistente. A indicação é para epilepsia refratária e sem possibilidade de tratamento cirúrgico. No ambulatório, a criança é acompanhada por, no mínimo, um neuropediatra com conhecimento sobre a dieta cetogênica e uma nutricionista. Ambos sabem manejar os possíveis efeitos colaterais da dieta.

 “O ideal é começar o tratamento dietoterápico o mais cedo possível, pois o cérebro pode sofrer consequências se as convulsões não forem controladas”, alerta Ludmila. E ressalta que os benefícios da dieta incluem a chance de redução de crise; a melhora na qualidade de vida do cuidador e da criança; melhora de humor e da cognição; e chance de reduzir as medicações, que têm efeitos colaterais ruins”, destaca.
EPILEPSIA  É uma doença que provoca convulsões recorrentes. Acomete, hoje, 50 milhões de pessoas no mundo. No Brasil, há 3 milhões de pacientes sofrendo com os sintomas da doença, mais frequentes na infância. A epilepsia deve ser tratada assim que for diagnosticada. O tipo de crise é o que define a melhor opção terapêutica.
  
Ailane Silva, da Agência Saúde.

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