Brasília faz 60 anos em 2020 e finalmente vai poder mostrar sua identidade. Quem afirma é o subsecretário de Patrimônio Cultural da Secretaria da Cultura do Distrito Federal (SEC), Cristian Brayner, que lançou hoje (29) na Biblioteca Nacional de Brasília (BNB) a “Coleção Brasília”, embrião com mil documentos de um projeto ambicioso de levantamento bibliográfico sobre a capital federal nos cinco continentes.
Os livros e documentos reunidos na BNB são o resultado de um trabalho de compilação iniciado em 2008 pela equipe da principal biblioteca pública de Brasília. “A capital do país não é só política e arquitetura, como uma percepção apressada pode sugerir. Temos religião, misticismo, culinária, OVNIs, história, literatura, futebol, temos fortes manifestações das culturas regionais que aqui se instalaram”, ressalta Brayner.
Ele explica que até o final de maio, mediante chamamento público, um consultor será selecionado para levantar em 120 dias o que há de mais relevante sobre o centro da república nos mais importantes acervos do mundo. O esforço de levantamento bibliográfico vai “romper barreiras” sobre os contornos da identidade daquilo que vem a ser a cultura candanga.
Em termos práticos, a empreitada vai permitir conhecer o quê, ao lado do que é bem sabido sobre as origens da cidade, de JK à política atual, de Oscar Niemeyer a Athos Bulcão, da Missão Cruls a de Le Corbusier, existe em contribuições de personagens que acabaram esquecidos ao longo do processo. “A coleção não será composta apenas pelas vozes das elites, mas também sobre o que podem contar as Regiões Administrativas e o que existe publicado fora do Brasil sobre a capital”. Por isso, 27 bibliotecas e centros de documentação no país e no exterior serão vasculhados, num esforço financiado pela SEC e a Unesco. Brayner estima que até setembro o levantamento estará concluído. A ideia é que para o aniversário de 60 anos da capital no ano que vem, um livro com os achados da pesquisa seja publicado.
“O que estamos inaugurando hoje aqui é um trabalho que não vai acabar nunca, pois terá de ser permanentemente atualizado”, vaticinou o subsecretário do Patrimônio para uma plateia de servidores federais e do GDF, representantes de embaixadas e frequentadores da BNB. No palco, também prestaram depoimentos a gerente de informação da BNB, Sabrina Amorim, a gerente da Mala do Livro, Maria José Lira, e o cineasta e professor estudioso das origens da capital federal Pedro Jorge de Castro.