O Brasil tem 677 casos confirmados de sarampo. Os dados sobre a doença foram atualizados nesta quarta-feira, 18, pelo Ministério da Saúde.
Segundo a pasta, o País enfrenta dois surtos de sarampo: um em Roraima e
outro no Amazonas – regiões mais atingidas pelo vírus.
O Estado do Amazonas tem 444 casos de sarampo confirmados. Em Roraima, são 216. Há confirmações ainda nos Estados de Rondônia (1), Rio de Janeiro (7), São Paulo (1) e Rio Grande do Sul
(8). O País tem outros 2.724 casos em investigação. Segundo o
Ministério da Saúde, os surtos no Brasil estão relacionados à importação
da doença – o genótipo do vírus é o mesmo que circula na Venezuela.
Em
2017, casos de sarampo em venezuelanos que viajaram a Roraima foram
confirmados, causando um surto da doença no Estado. Houve, então, a
ampliação de registros da doença para Manaus neste ano, de acordo com a
pasta.
O Ministério Saúde informou que mantém equipes técnicas
para acompanhar as ações de enfrentamento da doença no Amazonas e em
Roraima. “A pasta tem qualificado profissionais de saúde com o objetivo
de possibilitar a identificação de sinais e sintomas que definem um caso
suspeito de sarampo, além da adoção de outras ações de vigilância
epidemiológica.”
Em São Paulo, um caso da doença foi confirmado em abril em Ribeirão Preto.
Trata-se de uma profissional de saúde que viajou ao Líbano. O registro
foi considerado um caso importado da doença. Foram feitas ações de
monitoramento da doença na região, mas não foi identificada transmissão
do vírus e a paciente se recuperou.
Como se prevenir contra o sarampo
O
sarampo é uma doença altamente contagiosa cuja principal forma de
prevenção é a vacinação. Apesar da importância da imunização, o País tem
cobertura vacinal abaixo da meta definida pelo Ministério da Saúde e
preconizada pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
Segundo a pasta, a cobertura no Brasil foi de 85,21% na primeira dose
(tríplice viral) e de 69,95% na segunda dose (tetra viral) em 2017. A
meta é de 95%.
A vacina contra o sarampo deve ser tomada em duas
doses: uma aos 12 meses (tríplice viral) e outra aos 15 meses (tetra
viral). Crianças de 5 a 9 anos de idade que não foram vacinadas
anteriormente devem tomar duas doses da vacina tríplice com intervalo de
30 dias entre as doses. Entre 6 e 31 de agosto uma campanha de
vacinação será realizada no País. O público-alvo são crianças de 1 ano a
menores de 5 anos.
Vacinação no mundo
O
mundo registrou no ano passado um recorde de crianças vacinadas – 123
milhões, de acordo com dados divulgados nesta terça-feira, 17, pelo
Unicef e pela OMS – uma alta que ocorre tanto por aumento da população
quanto de cobertura vacinal. O Brasil, porém, caminha na contramão desse movimento, com queda na porcentagem de crianças vacinadas nos últimos três anos.
Perguntas e respostas sobre o sarampo
Como se pega o sarampo?
O
sarampo uma doença viral e contagiosa. Segundo Filipe Piastrelli,
infectologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, o paciente adquire a
doença por partículas respiratórias e nem sempre quem transmite está com
sintomas. “O vírus pode entrar pela conjuntiva do olho ou pelas
mucosas, começa a se multiplicar e chega à circulação sanguínea, quando
atinge o maior potencial de transmissão.”
Quais são os sintomas?
O
primeiro é a febre, que quase todos os pacientes têm. Depois de um ou
dois dias, tem início um quadro com tosse, coriza e conjuntivite. Só
depois aparecem as lesões na pele. “A incubação dura de sete a 21 dias,
mas a pessoa começa a transmitir cinco dias antes de aparecerem os
sintomas e continua transmitindo por cinco dias”, explica o
infectologista do Sabará Hospital Infantil Francisco Ivanildo de
Oliveira Júnior.
Como é feito o diagnóstico?
Por exames clínicos e laboratoriais.
Se for confirmado que o paciente está com sarampo, ele deve ficar isolado?
Sim.
Como é uma doença contagiosa, ele deve evitar o contato com outras
pessoas e, caso receba visitas, elas devem usar máscaras.
A vacina é eficaz para evitar a doença? Em quanto tempo ela começa a fazer efeito?
“É uma vacina boa, com mais de 90% de eficácia. A proteção plena vai ocorrer de dez a 14 dias”, diz Oliveira Júnior.
Qualquer pessoa pode tomar a vacina?
Não. Assim como a vacina da febre amarela, ela é feita com vírus vivo
atenuado. Ela não é recomendada para gestantes, bebês com menos de 1
ano e pacientes imunodeprimidos. “A primeira escolha é fazer a vacina,
se a pessoa tem alguma contraindicação, faz a imunoglobulina, que tem
anticorpos formados e reduz formas graves da doença”, explica
Piastrelli.
Quantas doses devem ser tomadas?
Tanto
o Ministério da Saúde quanto a Organização Mundial da Saúde recomendam
duas doses durante a vida. No Brasil, as doses são aplicadas com 12 e 15
meses de vida. Caso a pessoa só tenha tomado uma dose, deve tomar a
segunda até os 29 anos. Se nunca tomou até essa idade, só será
necessário tomar uma dose entre os 30 e os 49 anos.
A pessoa deve tomar a vacina se perdeu a caderneta e não sabe se foi imunizada?
Sim. As doses recomendadas devem ser tomadas pelo paciente.
Pessoas que tiveram contato com pacientes infectados também são beneficiadas pela vacina?
Se
tomada até 72 horas após o contato, a vacina é capaz de reduzir formas
mais graves da doença. Mas as ações de bloqueio sempre devem ser
realizadas.
Fontes: Filipe Piastrelli, infectologista do
Hospital Alemão Oswaldo Cruz; Francisco Ivanildo de Oliveira Júnior,
gerente de qualidade e do serviço de controle de infecção hospitalar do
Sabará Hospital Infantil; Ministério da Saúde; Organização Mundial da
Saúde.