Amigos e familiares do jornalista José Negreiros prestaram a última homenagem ao mestre da comunicação nesta terça-feira (13/2). Maranhense, Negreiros tinha 68 anos e morreu na segunda-feira, vítima de um câncer. O velório e o enterro foram realizados no cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul.
Filho do jornalista, o músico Tiago Negreiros comentou que os últimos dias do pai foram difíceis. “O espírito de quem fica nunca está pronto para perder quem vai. A doença consumiu muito meu pai nesses últimos tempos, mas não deixamos ele sozinho em nenhum momento”, comentou emocionado.
Entre as pessoas que foram prestar as últimas homenagens estava um de seus grandes amigos, o também jornalista Armando Mendes. “Somos amigos há tanto tempo que não dá para contar. O José tinha uma visão de pauta que hoje é raro de encontrar. Ele conseguia transitar muito bem nesse território de política e economia e o seu grande hobby era fazer um jornal perfeito”, disse Mendes.
Na capela, uma coroa de flores com o Soneto da Fidelidade, do poeta Vinícius de Moraes, era assinada pela viúva de Negreiros, a jornalista Luciana Bezerra. “De tudo, ao meu amor serei atento antes e com tal zelo, e sempre, e tanto”, estava escrito. Além da esposa, José Negreiros deixa três filhos: Tiago, Cíntia e Beatriz.
Paixão pela notícia
O jornalista era conhecido por ter faro para talentos. “Do jeito que deixou as malas, não vai ficar.” Era assim, com uma metáfora, que Negreiros se referia a um novato que chegava à redação sem garra e paixão pela notícia. Aos apaixonados, ele generosamente dedicava horas de sua rotina atribulada de chefe, com observações que poderiam melhorar a próxima reportagem.
Seu foco principal, no entanto, era sempre o leitor. Gostava de traduzir histórias que pareciam importantes aos olhos do mundo político, para que qualquer pessoa simples pudesse entender o real impacto dos fatos em sua vida.
Era um jornalista em tempo integral, sem horário de expediente. Todos que conviveram com Negreiros contam histórias de um profissional incansável, rigoroso, exigente e desconfiado de versões, como todos os jornalistas deveriam ser. Muitas vezes, sarcástico. Adorava ironias. Era maluco pela profissão. E intenso. Nunca escrevia sobre qualquer assunto sem se aprofundar. Discorria sobre temas com conteúdo.
Futuro do jornalismo
Foi assim até os últimos dias. Mesmo sofrendo com a doença, que provocava dores fortes, não parou de trabalhar e de apurar. Mesmo fora de redações, ele não deixava de refletir sobre os rumos da profissão nesses tempos de fake news e apurações frágeis pela concorrência digital.
fonte correio Brasiliense