Agentes comunitários de saúde (ACS) de todo o DF estão participando de uma oficina para controle e enfrentamento da hanseníase, também conhecida como lepra. A capacitação está sendo oferecida durante esta semana em todas as regiões de saúde.
Na quarta-feira (15), os ACS da Região Sudoeste conheceram mais sobre a doença e ouviram o depoimento de Marli de Fátima Barbosa Araújo, integrante do Grupo de Apoio às Mulheres Atingidas pela Hanseníase e coordenadora da oficina.
“Os médicos levaram sete anos para chegar ao meu diagnóstico e fazer o tratamento correto”, contou a líder social, que já está curada da doença. “Quando um paciente é diagnosticado, todas as pessoas do convívio próximo devem ir ao médico para verificar se mais alguém tem a doença e precisa tratamento. No meu caso, os parentes daqui do DF e do Ceará fizeram os exames e ninguém foi diagnosticado.”
Exame clínico
O depoimento de Marli foi fundamental para os participantes dessa capacitação “Tirou muitas dúvidas que eu tinha sobre a cura, esclarecendo que, depois da cura, a pessoa pode voltar a pegar hanseníase outras vezes”, conta a ACS Elane Vasconcelos, da Unidade Básica de Saúde (UBS) 7 de Samambaia. “Ela falou sobre os encaminhamentos que temos de fazer, e isso ajudou muito”.
De acordo com Marli, o diagnóstico da hanseníase exige observação apurada. “Nem sempre é possível identificar por meio de uma mancha, e outros sintomas precisam ser observados”, explica. “O exame clínico é muito mais importante do que o laboratorial, porque não há um teste específico para a hanseníase. Atualmente, no DF, mais de 80% dos casos são identificados tardiamente”.
Contágio
Marli também esclareceu aos agentes que o contágio não se dá pelo toque nem por uma única visita, pois o contato deve ter certa frequência. “Lembrem-se que estamos trabalhando para que nossos familiares, amigos e colegas não adoeçam. Estamos fazendo pelos que amamos”, concluiu.
Todas as oficinas estão sendo ministradas por Marli em preparação para a Campanha de Enfrentamento da Hanseníase no DF, a ser realizada do dia 20 deste mês (segunda-feira) a 10 de março. Um consultório itinerante passará por 13 regiões administrativas com médicos e profissionais da saúde especializados no diagnóstico da doença.
Tratamento
A hanseníase é causada pelo bacilo Micobacterium leprae, transmitido pelas vias aéreas, por meio de espirros, tosse e até pela fala. Não há um grupo social mais vulnerável, e o contágio pode acontecer dentro de casa, no trabalho ou no convívio social prolongado.
O tratamento da doença é feito por medicamentos dispensados somente pela rede pública de saúde. A medicação interrompe a transmissão do bacilo 72 horas após a ingestão. Dependendo do estágio da doença ao ser diagnosticada, o tratamento pode levar de seis meses a um ano, ou mais.Com informações da Secretaria de Saúde (SES)