Depois de barrar a entrada de frango produzido em 20 frigoríficos brasileiros, a maior parte deles da BRF, por causa de suspeitas de deficiência no controle sanitário do produto,
a União Europeia comunicou ao governo do Brasil que vai impedir também a
entrada de pescado. A informação foi confirmada ao jornal “O Estado de
S. Paulo” pelo secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da
Agricultura, Luís Eduardo Rangel.
“Estamos seguros de que no caso dos pescados não há problemas de
controle sanitário”, afirmou. O problema, dessa vez, é que o controle
das embarcações que se dedicam à pesca no Brasil não está em
conformidade com as regras adotadas na Europa.
Ciente da incompatibilidade das regras e dos problemas que isso poderia
trazer ao comércio, o próprio governo brasileiro tomou a decisão, em
dezembro passado, de fazer um autoembargo das exportações de pescado
para a Europa. Ou seja, o Brasil suspendeu voluntariamente suas
exportações para adequar os controles e as embarcações ao padrão
europeu. “
Avançamos bastante nesses cinco meses, e isso foi reconhecido por
eles”, disse Rangel. Pelo menos três embarcações já estão com o novo
certificado – o que, em tese, autorizaria essa produção ao mercado
europeu.
No entanto, a União Europeia informou que vai descredenciar as plantas
produtoras de pescados do Brasil a exportar para seu mercado. Com isso,
explicou o secretário, fica a critério deles, e não do governo
brasileiro, a retomada das compras do produto brasileiro.
“Acreditamos que esse é um posicionamento político, tal como o que eles adotaram no caso do frango”, disse.
De acordo com dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e
Serviços (MDIC), as exportações de pescados brasileiros para a Europa
somaram US$ 24 milhões no ano passado, uma queda de 26% em comparação
com 2016. É um valor baixo, considerando-se que o total de vendas de
carnes em geral foi de US$ 952 milhões no período e o total exportado,
considerando todos os produtos, atingiu US$ 35 bilhões.
O governo brasileiro já anunciou que pretende acionar a Organização
Mundial do Comércio (OMC) por causa das barreiras impostas pelos
europeus ao frango.