A revista norte-americana Time elegeu, nesta quarta-feira, 17, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) como uma das 100 pessoas mais influentes do mundo em 2019. O veículo faz uma lista anual com pessoas do mundo inteiro após debates com políticos, jornalista e acadêmicos desde 1999.
Bolsonaro foi o quarto brasileiro a ser eleito na categoria de “líder” ao longo dos vinte anos da lista. Antes estiveram na relação os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nos anos de 2004 e 2010, e Dilma Rousseff (PT) em 2011 e 2012. O então juiz Sergio Moro foi escolhido em 2016. Em 2004, Lula foi reconhecido como uma das 100 pessoas mais influentes do mundo naquele ano. O texto, assinado pelo jornalista Tim Padgett, afirmava que o ex-presidente “se tornou o novo porta-voz do mundo em desenvolvimento, um populista pragmático”. “Seus sucessos com as reformas da aposentadoria e impostos fizeram Wall Street querer sambar”. No texto, Lula também é colocado como uma história de superação por ter nascido em uma família pobre e ter virado o presidente do Brasil. Para o jornalista, ele tinha vários desafios difíceis “assustadores”. Seis anos após o primeiro reconhecimento, o ex-presidente Lula foi colocado novamente selecionado para a lista. Em 2010, o cineasta norte-americano Michael Moore escreveu sobre os motivos para que Lula entrassem na política: “Foi quando, aos 25 anos, ele viu sua esposa Maria morrer durante o oitavo mês de gravidez, junto com o filho, porque não podiam pagar por cuidados médicos decentes. Há uma lição aqui para os bilionários do mundo: deixem as pessoas terem bons cuidados de saúde e eles causarão muito menos problemas para você”, dizia o texto. Moore considerou o mandato do ex-presidente como “irônico” e comparou o Brasil com os Estados Unidos. “Mesmo quando ele tenta impulsionar o Brasil para o Primeiro Mundo com programas sociais do governo como o Fome Zero, projetado para acabar com a fome, e com planos de melhorar a educação disponível para os membros da classe trabalhadora brasileira, os EUA parecem mais com o velho Terceiro Mundo todos os dias. O que Lula quer para o Brasil é o que costumávamos chamar de sonho americano”, termina. Nos dois anos seguintes, a ex-presidente Dilma Rousseff também foi selecionada como uma das 100 personalidades mais importantes. Ela foi destacada por ser a primeira mulher a governar o Brasil. “Não é fácil ser a primeira mulher a governar o seu país. (…) Também não é fácil governar uma nação emergente (…) É ainda tão mais difícil governar um país tão grande e globalmente relevante quanto o Brasil. Dilma Rousseff, 63 anos, tem tudo isso pela frente”, dizia o texto de 2011 assinado pela ex-presidente do Chile Michelle Bachelet. Dilma foi escolhida novamente no ano de 2012 na lista das pessoas mais influentes. O texto, dessa vez escrito pela então presidente da Argentina Cristina Fernández de Kirchner, fala sobre a militância de Dilma desde o período da ditadura militar no Brasil. “Concordamos que a desigualdade social é o maior problema que nossos países enfrentam. Historicamente, o que era ‘nacional’ na América Latina costumava ser contrariado aos interesses das outras nações de nossa região. Hoje, com a liderança de Dilma Rousseff, vemos um Brasil convencido de que seu interesse nacional está absolutamente ligado aos interesses de seus vizinhos”, afirma Kirchner. Por um período de cinco anos, nenhuma liderança brasileira tinha sido escolhida para a lista. Em 2017, o editor internacional da revista Time Bryan Walsh escreveu o textosobre o então juiz Sergio Moro – atual ministro da Justiça – que o colocava como uma das principais personalidades do ano. Para o jornalista, apesar de os brasileiros vangloriarem Moro, “ele é apenas um juiz” que “processou um escândalo de corrupção tão grande que poderia derrubar um presidente – e talvez mudar uma cultura de corrupção que há muito atrapalhou o progresso de seu país”, a Operação Lava Jato. Em 2019, o texto que coloca o atual presidente como uma das 100 pessoas mais influentes do ano é assinado pelo cientista político Ian Bremmer. Bolsonaro é definido como um “personagem complexo”. Por um lado, ele é apresentado como “a melhor chance em uma geração de promulgar reformas econômicas capazes de conter o déficit crescente”. Por outro, é “garoto-propaganda de uma masculinidade tóxica e um ultraconservador homofóbico com a intenção de travar uma guerra cultural e talvez reverter os avanços do Brasil em atacar as mudanças climáticas”.Veja