O ministro Luís Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal),
mandou soltar dois amigos do presidente Michel Temer e mais oito pessoas
presas pela Polícia Federal suspeitos de envolvimento em esquema de
vantagens ilegais que funcionaria no Porto de Santos (SP) há mais de 20 anos.
Os suspeitos foram presos na quinta-feira (29) durante a operação Skala,
como parte da investigação que tramita no Supremo e que apura se o
Decreto dos Portos, de maio de 2017, foi assinado pelo presidente Temer
em troca de propina paga em benefício próprio e de seu partido, o MDB.
Entre os detidos estão dois amigos do presidente — o coronel aposentado
da PM João Baptista Lima Filho e o advogado José Yunes —, além do
ex-ministro da Agricultura Wagner Rossi, o dono da empresa Rodrimar,
Antônio Celso Grecco, e empresários do setor portuário.
Segundo nota do MPF (Ministério Público Federal), a Polícia Federal
cumpriu 10 dos 13 mandados de prisão expedidos, porque três suspeitos
estão fora do país, mas
O pedido de liberdade foi solicitado mais cedo pela procuradora-geral da República, Raquel Dodge.
Ela alega que o objetivo da operação foi alcançado com a tomada de
novos depoimentos e pelas ações de busca e apreensão em endereços
ligados aos suspeitos.
Procuradores da República estiveram na sede da Polícia Federal em São
Paulo, nos últimos dois dias, para ouvir os suspeitos. Mas um dos
depoimentos mais aguardados, o do coronel Lima, não foi realizado. Na
sexta, seu advogado informou que o suspeito não tinha condições físicas e emocionais para responder às perguntas dos investigadores. Os agentes tentam ouvi-lo há nove meses.
Entre alvos da operação estão José Yunes (e) e coronel Lima (d), amigos de Temer
Montagem: Paulo Giandalia/Estadão Conteúdo – Reprodução/RecordTV
Entre as suspeitas que pesam contra o coronel estão o suposto repasse
de R$ 1 milhão por executivos da JBS para campanha de Temer em 2014 à
vice-presidência. A grana teria sido entregue na sede da Argeplan.
A operação Skala faz parte da investigação que tramita o Supremo
Tribunal Federal contra Temer e aliados. Os investigadores querem saber
se o Decreto dos Portos, de maio de 2017, foi assinado pelo presidente
em troca de propina. O texto beneficiou empresas ao ampliar o prazo de
concessão dos portos no país de 25 anos para 35 anos, prorrogáveis até o
limite de 70 anos. O inquérito em andamento investiga se a Rodrimar
teria buscado intervir no decreto, com auxílio de Rocha Loures, para
ampliar sua operação no Porto de Santos. A empresa e os investigados
negam as acusações.
No despacho em que autorizou a prisão, o ministro afirma haver
“indícios que demonstram a possibilidade de se estar diante de um
esquema contínuo de concessão de benefícios públicos em troca de
recursos privados, para fins pessoais e eleitorais, que persistiria por mais de vinte anos no setor de portos, vindo até os dias de hoje”.
Segundo o presidente Temer, a investigação serve para “destrutir sua reputação” e possui interesses eleitoreiros.
